Com a pulverização e o incremento do 5G, a 5ª geração de internet móvel, por parte de emissoras e produtoras de conteúdo e de telecomunicação, as transmissões esportivas e seu consumo devem mudar radicalmente. Dentro dessas possibilidades, será possível assistir aos jogos de casa como se estivesse em campo ou arquibancada, saber se um lance duvidoso foi bem marcado ou não. Inovações que, segundo especialistas, podem ser implementadas em alguns anos com a consolidação do 5G.
O que é 5G?
Em linhas gerais, o 5G é a quinta geração de redes de celulares, que é especificada por um conjunto de padrões que definem as frequências e os protocolos de comunicação para que dispositivos (smartphones) e infraestrutura (antenas) consigam se entender.
Mas é na forma como funcionará que a nova rede costuma ser apresentada e compreendida. O 5G é reconhecido por três principais características: ser ultraveloz (pode ser 10 a 30 vezes mais rápida do que a rede 4G); a baixa latência, que corresponde ao tempo de resposta que o dispositivo apresenta para se conectar à rede; e a alta capacidade de processamento e transmissão de dados – que metaforicamente pode ser associado ao aumento da largura de uma estrada que permite maior quantidade de tráfego.
A partir desses três pilares, as transmissões esportivas e, por consequência, a forma como os espectadores consomem o esporte tendem a mudar drasticamente comparado ao que é hoje. Segundo especialistas, o 5G terá a capacidade de proporcionar muito mais do que uma transmissão estável ou sem delays (atrasos). O tempo de tudo será real.
Satélite x 5G
Para entender como o 5G vai transformar a forma de transmitir e consumir esporte é necessário entender o funcionamento desse processo atualmente. Utilizando o esporte mais popular do mundo como exemplo, Ricardo Souto, Head de Transmissão da LiveMode, startup responsável que realiza a transmissão e comercialização de direitos dos jogos do Campeonato Paulista e da Copa do Nordeste, afirma que o processo de produção de partidas de futebol no Brasil ainda é dependente de uma tecnologia que não está veiculada à internet. Se vale de satélites.
“A produção dos eventos esportivos”, explica Souto, “é feita via satélite”. Ou seja: “Câmeras são instaladas na beira do campo, transformando o ambiente em um grande estúdio. Os sinais dessas imagens são levados até uma unidade móvel, que recebe e sobe esses sinais para um satélite em órbita. Do satélite, as imagens são enviadas de volta às emissoras que detêm os direitos de transmissão, que chegam à casa das pessoas por meio dos aparelhos”, explica.
No atual sistema resumido por Souto, os satélites não permitem a chegada de uma alta quantidade de sinais vindo das câmeras, o que limita a transmissão dos dados e o fluxo das informações.
“É um gargalo de distribuição de imagens.” Como uma estrada engarrafada. Isso faz com que os espectadores assistam às partidas em um sequenciamento único de imagens. Isto é: enquadramento no treinador, que segue para a imagem do campo, que fecha na torcida. No 5G, isso muda: as pessoas terão autonomia para escolher as imagens. “Essa é a primeira coisa que chamou a atenção da gente com o 5G, porque essa tecnologia acaba com o gargalo. Você passa a ter uma internet mais rápida, disponível e ampla, capaz de tirar mais sinais disponíveis do estádio”, diz Souto.
A nova rede, com capacidade de transmitir mais dados, permite que as produtoras sejam mais criativas na forma de trabalhar o conteúdo. Fica viável, por exemplo, instalar uma microcâmera no juiz e dar ao espectador a opção de assistir ao jogo pelo ponto de vista deste personagem, de dentro do campo.
“Essas possibilidades vão surgindo conforme se vai aumentando a transmissão de mais dados para além daquela imagem vertical e horizontal bidimensional que a gente vê em um jogo”, afirma Bruno Maia, professor de Marketing da PUC-Rio e fundador e CEO da Feel the Match, startup que desenvolve negócios e propriedades de conteúdos ao esporte. “Quando o 5G começar a ser testado, vão se criar milhões de possibilidades de interações. Você pode, com muito mais facilidade, ter uma transmissão em que o espectador escolhe três formas diferentes de assistir ao mesmo jogo de futebol, por exemplo”, salienta Maia.
Fonte: Msn