Tão maravilhoso quanto estranho

“Havia pastores que estavam nos campos próximos e durante a noite tomavam conta dos seus rebanhos. E aconteceu que um anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor resplandeceu ao redor deles; e ficaram aterrorizados.” (Lucas 2.8-9)

Próximo ao tempo de Jesus nascer, José e Maria foram para Belém para alistarem-se atendendo a um decreto de César Augusto. As profecias diziam que seria lá o nascimento do Messias e a história estava seguindo o curso antecipado pela profecia. Tudo aconteceu sem que a elite religiosa e social de Israel percebesse. O Filho de Deus estava chegando depois de cerca de 400 anos de silêncio profético, período chamado de “inter-bíblico”. Anjos voltaram a visitar a palestina. Deus, no passado, havia enviado profetas mas agora estava enviando o Filho, como lemos em Hebreus (1.1-3). Mas será que acertou no enredo dessa chegada? Não seria melhor ter escolhido gente com maior credibilidade que uma adolescente, um carpinteiro e um grupo de pastores?

O natal de Jesus é um evento frágil e contraditório em cada detalhe. A família que recebeu Jesus nem sequer estava constituída. Um anjo anunciou o nascimento a pastores de ovelhas, gente de pouca credibilidade social. Não teria sido melhor a um grupo de sacerdotes? E se sua mãe fosse a filha de um dos rabis ou fariseus influentes?! Não seria mais fácil para anunciarmos o Evangelho? E ainda tinha que nascer em Belém, uma vila completamente desinteressante! Se pelo menos fosse em Jerusalém! E alguém também poderia dizer que explicar a gravidez de uma adolescente antes do casamento com a aparição de um anjo, é no mínimo suspeito! E que um noivo, depois de desconfiar de infidelidade, aceitar tudo também alegando a visita de um anjo, é esquisito! É claro, havia as profecias. Mas convenhamos, as testemunhas eram fracas.

O natal ficaria menos constrangedor com outro enredo, não é mesmo?! Mas esta foi a decisão de Deus. A história de Jesus foi desfavorável desde o começo. “Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?” era a pergunta natural sobre todo nazareno. Seus discípulos não foram homens acima de qualquer suspeita e Ele mesmo foi quem os escolheu! Deus sempre soube com quem estava lidando e Jesus veio deixar isso claro. Isto é o natal de Jesus! Por isso devemos abandonar a hipocrisia. Que haja mais verdade, confissão e arrependimento entre nós e diante de Deus. Não somos anjos, somos pecadores. Mas Deus nos ama e nos enviou Jesus. Não merecemos, mas fomos presenteados. Este é o natal de Jesus, tão maravilhoso quanto estranho, e nada tem a ver com o razoável Papai Noel.

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