“O ladrão vem apenas para furtar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente.” (João 10.10)
Não confunda insuficiência com falta de valor, de importância. A vida por aqui tem sido insuficiente porque nos falta mais de Deus e de Seu Reino entre nós. Mas não porque a vida aqui não tenha valor, não seja preciosa. Tanto é, que Deus nos enviou Seu Filho para nos resgatar e, ao nos resgatar, não nos antagonizou com a vida aqui, mas possibilitou que em todos os aspectos dela possamos adorá-lo. Paulo falou disso ao cristãos de Corinto: “Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus.” (1 Co 10.31) Nossa vida é preciosa aos olhos de Deus. Ele nos criou e criou este mundo em que vivemos, cheio de possibilidades. Cada aspecto da vida aqui foi pensado por Deus para nosso bem. Mas nossa falta de submissão a Ele tornou a abundância em insuficiência.
O problema somos nós e o modo como lidamos com a vida. O problema é nossa visão distorcida, adoecida pelo pecado. Nossa falta de submissão a Deus nos faz egoístas, avarentos, sedentos por poder, imediatistas, desequilibrados para lidar com o prazer, com o poder e vulneráveis diante do dinheiro. E isso produz a escassez e insuficiência que tornam a vida feia. O ladrão aproveita-se de tudo isso. Inspira tudo isso. Sabe bem como nos colocar diante de oportunidades que na verdade são ciladas, que prometem ganhos mas por fim furtam, anunciam vida mas produzem morte, parecem acrescentar algo, mas na verdade destroem o pouco que tínhamos. Isso nos atinge e por meio de nós a tudo mais. Pessoas, animais, florestas e campos, rios e mares, inclusive. E por isso, até a natureza geme, pois sobre ela pesa a escravidão que gera decadência (Rm 8.20-22).
Como afirmou Mahatma Gandhi, no mundo há o suficiente para as necessidades de todos, mas não para ganância de cada um. E isso não se resolve apenas com a consciência de que as coisas não estão bem. Precisamos daquele que é suficiente, daquele que tem vida plena para nos ofertar. Por isso o Filho de Deus veio a nós. A vida plena que trouxe para nós se estabelece na medida em que aprendemos a viver com Ele. A primeira plenitude que nos habita é a certeza de que somos amados e a partir dela, tudo mais vai sendo mudado. Coisas cedem lugar a pessoas, ser passa a importar mais que ter, servir nos realiza mais que ser servidos. A mesquinharia do egoísmo cede espaço à beleza da generosidade e do altruísmo. O outro importa a nós e aprendemos que vingar-se não é o caminho para enfrentar o mal. A ele se vence com o bem (Rm 12.21). E assim tudo vai mudando à medida que somos transformados. E então a insuficiência é superada pela plenitude, na qual, o que falta, na verdade, não faz falta!