Por Pedro Ivo Rodrigues
Eu, senhor do tempo e arauto do alvorecer,
acordo numa manhã com um enigma.
Trinta mistérios em nove espaços fizeram parte de minha noite ocular.
Um dia a bruma de Avalon há de esmaecer.
Porém, em mim não pesa mais nenhum estigma.
Eu, em estados aéreos, superando fracassos ao suave toque do luar.
Não quero mais ver o triste suspiro do esquecer.
Digam-me, magos magoados, qual o encantamento do dia?
Lançam aos fossos dragões ávidos por palavras apócrifas.
Não irei dar ouvidos aos chatos, nem ler cartas trazidas pelo Valete de Copas, tampouco discutir com o vácuo.
Faetonte me disse que o vento sobre a montanha viria.
Colhi com cálice de ouro os murmúrios refrescantes das donzelas hipócritas.
A mim, que só depunham os fatos, letras esparsas escritas pelas virgens moças, o quão pouco me é conhecido pelo brilho mútuo.
Eu quero! Eu posso! Mando uma ordem para o destino, fiz meus
planos e agora só falta aguardar o capítulo seguinte do livro
no qual sou protagonista.
Capitão de fortes e comandante dos campos de guerra, só conheço
uma linguagem: Derrotar o inimigo que às vezes eu mesmo crio.
Um brinde nosso! Pago tudo com alquímico ouro fino, mas antes me
diga: Qual a tua certeza deste mundo?
Se acertar nunca mais serei egoísta!
Dois dias e duas noites. Marco a data distante do casamento da Terra,
na minha mente aceito uma imagem: As coisas continuarão a ser o
que são séculos a fio.
Dilemas, previsões e profecias, só irão concretizar a recordação do
passado esquecido, em época de falso sentimento e beligerância,
sepultando a original inocência à luz dos acontecimentos.
E por maior o esforço de educar o grande recém-nascido, sempre
haverá sofrimento e intolerância, durante a existência da
cruz dos tempos…
20/09/2001
*Fragmentos de poema do livro “Estilhaços de Sonhos Perdidos no Vazio da Existência”, publicado em junho de 2010.