“Sei que sou pecador desde que nasci, sim, desde que me concebeu minha mãe. Sei que desejas a verdade no íntimo; e no coração me ensinas a sabedoria.” (Salmos 51.5-6)
Dev215Estamos com Davi, o grande rei de Israel, neste salmo em que ele declara a Deus seus pecados, culpas e pede perdão. Ele não apenas fala do erro que havia cometido, do pecado de adulterar e matar. Ele se declara um pecador, alguém cujas limitações e fraquezas sabotam suas melhores intenções. Ele não começou a pecar “ontem” O que fez contra Urias não foi seu primeiro ato mal. Ele vem pecando ao longo de sua história. Ele é um pecador. Assim como ele, somos nós. Praticamos atos pecaminosos porque somos pecadores. Nossos pais pecaram, nós pecamos e nossos filhos pecarão. Assim como os filhos de nossos filhos. Essa é uma afirmação bíblica: “não um justo! Nenhum sequer!” (Rm 3.10).
Mas essa é uma declaração cada vez menos aceitável em nosso mundo. Quase nada mais é pecado. Talvez porque a religião tanto “pecaminou” a vida, ensinando culpas impróprias, que acabou contribuindo, não sei se pouco ou muito, com a rejeição de qualquer noção de pecado ou culpa pelo pecado. E com isso até esquecemos que somos pecadores. E isso nos faz perder a oportunidade de sermos abraçados, perdoados e fortalecidos por Deus. A falsa culpa gerada pela religião deu lugar à falsa inocência gerada pelo espírito de nossa época. Mas Deus, como disse Davi, deseja a “verdade no íntimo”. Por seu Espírito Ele nos abre os olhos. Ajuda-nos a saber que não somos de fato inocentes. Somos pecadores! Ele não o faz para vivermos culpados, mas para buscarmos perdão. Sua obra não é nos condenar, mas nos restaurar.
O Espírito de Deus nos “ensina a sabedoria”: o que fazer diante de quem somos. Ele não nos ensina a negação, nem a desculpa e nem a fuga. Ele nos ensina a sabedoria que provém do temor a Deus (Pv 1.7). Revela-nos a misericórdia, aquela mesma que Davi pediu ao iniciar o seu salmo. A misericórdia que trás consigo, não a acomodação, mas o perdão. Por meio de Seu Espírito Deus nos ajuda a viver sem negar ou nos acomodar aos nossos pecados. Ajudados por Ele podemos ser aperfeiçoados, fortalecidos. Com Ele não estaremos livres de fracassar, mas seremos vitoriosos muitas vezes e desfrutaremos a alegria de superar pecados que, prometendo vida, nos roubavam a alegria. Tudo começa com uma importante confissão: sou pecador.
ucs