O mundo natural sempre se ofereceu como uma tela para a projeção humana, uma relação com o céu e terra. Projetamos nossos medos e anseios em tudo desconhecido, cada catástrofe, mas nos torna próximos de alguma maneira, e ser socorrista é dedicar a vida a quem precisa nas mais diferentes situações: guerras, furacões, terremotos, sem saber o que irá encontrar, enfrenta o medo sem hesitar. Trabalha sob chuva, sol e tempestades até na escuridão da noite, e dá um profundo suspiro de contentamento ao salvar uma vida, tamanha a tensão. O alívio de se ter salvo, livrado daquele horror uma vida. O perigo terminou, este é seu sentimento.
E soube da notícia de que 42 profissionais, incluindo 34 bombeiros de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo, embarcaram com destino ao país do Oriente Médio em uma aeronave da Força Aérea Brasileira. Há ainda médicos e membros da defesa civil. Vão entrar numa realidade que a maioria de nós quer fugir, mas ainda neste mês de carnaval e verão. Viverão uma realidade difusa, onde as cores somem da paisagem. Só tendo silhuetas cinzentas dos cadáveres e da destruição. Como deveis saber, há em todas as coisas um sentido filosófico. E, para começar, emendemos Sêneca. Cada dia, ao parecer daquele moralista, é, em si mesmo, uma vida singular, por outros termos, uma vida dentro da vida. Não digo que não; mas por que não acrescentou ele que muitas vezes uma só hora é a representação de uma vida inteira? Isto o que sinto na vida dos socorristas nos seus belos momentos de heroísmo.