Silêncio

Assisti o agito das festas no carnaval, em lanchas e clubes fechados, isto está ecoando  nestes dias escuros de março. Muitos nos hospitais doentes pelas aglomerações realizadas  estão hoje com uma pálida mão, pendendo sobre a borda da cama e uma semana mais tarde podendo se tornar um pedaço morto.

A autoconfiança em excesso é uma crueldade, imagine um cidadão fumando e olhando um aviso que o cigarro tem cinco mil substâncias cancerígenas, mas continua fumando, assim é atualmente, quem participa de aglomerações e não usa máscara, não adianta nossa revolta contra crenças e atitudes contrarias a ciência, elas existem, junto com uma autoconfiança irreal.

Lutemos contra o vírus, lutemos contra as mentes irracionais, lutemos pela vida, e nesta luta precisamos do silêncio nas escolas, nas praças e praias, porque a vida não é homogêneo em pensamentos, palavras e ações. A nossa liberdade hoje não está ligada ao dinheiro mas a imunização, para todos nós podermos viver por inteiro. Cada segundo está petrificado pela dor. Mas  a vida futura está intocada. Neste que nasci nada nunca havia  desmoronado de forma coletiva e mundial como agora, nada que me fosse caro, como agora, com a perda de parte da liberdade. Tudo está irreconhecível, todas as coisas ao meu redor. Mesmo os objetos mais familiares têm agora algum risco e são hostis. É um viver diferente com o cheiro do perigo.

*João é natural de Salvador, onde reside. Engenheiro civil e de segurança do trabalho, é perito da Justiça do Trabalho e Federal. Neste espaço, nos apresenta o mundo sob sua ótica. Acompanhe no site www.osollo.com.br.

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