Qualquer pessoa do mundo é eternamente desconhecido para nós, há sempre um mistério, algo que nos escapa. Mas ao longo dos meus sessenta e seis anos de vida, eu reconheci muitas condutas, através dos atos praticados. É bem verdade que, se eu conviver cinquenta anos com uma pessoa, ainda existirão mistérios a descobrir. Cenários desabarem é coisa que acontece. Acordar, carro, quatro horas no escritório ou na fábrica, almoço, carro, quatro horas de trabalho, jantar, sono, e segunda, terça, quarta, quinta, sexta e sábado no mesmo ritmo, um percurso que transcorre sem problemas a maior parte do tempo. Um belo dia, surge “o porquê” e tudo começa a entrar numa lentidão tingida de assombro. A lentidão está ao final dos atos de uma vida maquinal, mas inaugura, ao mesmo tempo, um movimento de consciência. Pois tudo começa pela consciência e nada vale sem ela.