Tudo quanto existe sobre a terra tem um “sentido próprio “. Sim, todas as coisas o têm. O sentido do direito é uma ordem para a conduta humana, o da engenheira de construir para benefício e progresso humano, a medicina para salvar vidas, sendo as UTIs a última porta antes da morte.
Cada pedra, cada folha de grama, cada flor, cada arbusto cresce, cada animal vive, age e sente perfeitamente de acordo com seu “sentido próprio”. É exatamente devido a isso que o mundo é tão bom, rico e belo. Se existem flores e frutos, tudo isto resulta única e exclusivamente do fato de cada coisa, por mínima que seja, trazer em si mesma, dentro do universo, o seu “sentido” o seu selo, sua lei própria, e de segui-la sempre de maneira total e inexorável.
Na terra não seguir este apelo, ser, crescer, viver e morrer, sempre do modo como lhes impõe seu “sentido próprio” é uma agressão ao ser humano. Nesta pandemia, com a falta de leitos, o “sentido próprio” é violado. Não há dois seres humanos iguais no mundo, somos únicos e duramos um tempo determinado pela natureza e apresentamos uma beleza própria antes de desaparecer, jogados na eternidade.
Mas em vários estados e cidades do Brasil, entre estas mais de cinquenta e oito mil mortes muitas foram de agressão ao “sentido próprio”. Foram inconcebíveis a falta de leitos.
A dor e a frustração chegam com força esmagadora, abalando a delicada ordem do “sentido próprio” desrespeitando o paciente, na maioria das vezes, pobre que não encontra um leito na UTI.
*João é natural de Salvador, onde reside. Engenheiro civil e de segurança do trabalho, é perito da Justiça do Trabalho e Federal. Neste espaço, nos apresenta o mundo sob sua ótica. Acompanhe no site www.osollo.com.br.