“Da multidão dos que creram, uma era a mente e um o coração. Ninguém considerava unicamente sua coisa alguma que possuísse, mas compartilhavam tudo o que tinham.” (Atos 4.32)
Certo dia um rapaz procurou o pastor da igreja e lhe informou que iria se afastar, deixar de participar, pois não via mais sentido na rotina dos cultos, das atividades e que talvez não precisasse de estar ligado a uma igreja para seguir com sua fé em Deus. Sendo assim, preferia informar do que simplesmente abandonar as reuniões e que o pastor poderia ficar à vontade para desliga-lo do grupo de membros da igreja.
O pastor ouviu com calma e mostrou compreensão pela decisão do rapaz. Agradeceu o cuidado de lhe informar, pois a maioria não agia assim. Disse que o rapaz deveria se sentir livre de suas obrigações como membro e que, no momento adequado, trataria da questão de sua filiação, promovendo o seu desligamento. Disse também que, se em algum momento futuro desejasse voltar, ou precisasse dele ou da igreja, as portas estariam abertas.
Antes porém de se despedirem o pastor fez um pedido ao rapaz: pediu para que, antes de partir definitivamente, o ajudasse numa questão. E falou sobre três pessoas que estavam precisando de cuidado e que gostaria de poder contar com a ajuda. Pediu então que ele orasse por essas pessoas e fizesse contato para saber como estavam, dedicando um pouco de tempo para ouvi-las e para orar com elas. O rapaz aceitou a tarefa.
Passaram-se alguns dias e o pastor ligou perguntando se poderia acrescentar mais um nome à lista. O moço já havia se esquecido do compromisso, e talvez justamente por isso não teve como recusar-se. Mas agiu naturalmente. Anotou o contato e decidiu que precisava terminar logo com aquilo. Nos dias seguintes ele orou por cada uma das pessoas e fez contato com elas. Perguntou como estavam e ouviu um pouco de suas histórias. Até chegou a ajudar com seus conselhos a uma delas e pediu o currículo de outra para tentar ajudar com a indicação de um trabalho. Fez exatamente como o pastor lhe havia orientado e orou com cada uma delas. E sentiu-se muito bem com o que havia feito!
Ao orar por aquelas pessoas, ligar para elas – uma delas ele visitou pessoalmente – e ouvir sobre como estavam, suas alegrias, dores e preocupações, e orar com elas, algo mexeu com seu espírito. Ele começou a sentir uma conexão e um sentido que lhe estavam faltando. Sentiu-se como parte de algo que era maior do que ele mesmo, em que Deus mesmo estava envolvido. Resolveu então perguntar ao pastor se por acaso ele não teria mais mais algum nome para lhe indicar, pois podia ajudar um pouco mais antes de sair. O pastor indicou mais alguns e isso se repetiu por algumas semanas.
Certo dia o pastor ligou e agradeceu a ele pelo que havia feito. Algumas daquelas pessoas estavam de volta à igreja e gratas por terem sido cuidadas. Agora ele podia ir. Todavia, o rapaz já não queria mais partir. A igreja passou a fazer sentido e ele entendeu o seu lugar. Estava ali para servir e cuidar, e não apenas para ser servido e receber cuidado. Não estava ali para se sentir satisfeito e atendido, como se fosse o cliente de um restaurante. Entendeu que, quando apenas vamos à igreja, ela facilmente nos desaponta. Mas quando somos parte e servimos, ela se torna o lugar de nosso crescimento e realização. E então entendeu que um dos segredos de uma boa igreja não está no que ela nos dá, mas no que damos a ela! Não se trata exatamente de como ela é, mas de como nós agimos sendo parte dela!