Criado em 2003, o Second Life é um ambiente interativo 3D focado em relações sociais. “Second Life” significa em inglês “segunda vida”, que pode ser interpretado como uma vida paralela, uma segunda vida além da vida “principal” (a vida real do usuário). Dentro do próprio jogo, o jargão utilizado para se referir à “primeira vida”, ou seja, à vida real da pessoa, é “RL” ou “Real Life”, que se traduz literalmente por “vida real”.
Existiam pessoas até 2013, que toda manhã iniciavam uma jornada de oito horas de trabalho, jantavam, tomam banho e depois partiam para a “Second Life” onde habitavam uma vida paralela, um cenário controverso, possivelmente revolucionário, possivelmente irrelevante, cheio de cidades góticas e preciosas barracas surradas na praia, castelo de vampiros e ilhas tropicais e templos de florestas amazônicas e solos pisoteados por dinossauros, casas noturnas com espelhos reluzentes.
Não é um jogo e sim uma imersão. O Second Life não tem objetivos específicos. Seu vasto cenário consiste inteiramente em conteúdo gerado pelo usuário. Isso significa que tudo o que você vê foi construído por alguém, um avatar controlado por um usuário humano vivo. Esses avatares constroem e compram casas, formam amizades, namoram, casam, fazem dinheiro. Comemoram seus “rez days”, o equivalente on-line ao aniversário: o dia em que ingressaram. O Second Life não é mais aquela coisa de que se faz piada.
É a coisa de que você não se importa mais em zombar há anos, existiu até 2013, mas o Second Life prometia um futuro no qual as pessoas passariam horas por dia habitando sua identidade on-line, não nos encontramos dentro disso? Só que no Facebook, no Twitter e no Instagram. Conforme aprendi mais sobre o Second Life, começou a parecer menos com uma relíquia obsoleta e mais como um espelho distorcido refletindo o mundo em que nós de fato vivemos: a promessa não apenas de uma voz on-line; não apenas uma versão selecionada de sua verdadeira vida, mas uma existência completamente separada. Cristaliza simultaneamente o canto da sereia e a vergonha de querer uma vida diferente.