Segundo a PM, eles queimaram um carro oficial.
Protesto ocorre no trecho da cidade de São José da Vitória, região sul.
Moradores e fazendeiros fecharam um trecho da BR-101, em São José da Vitória, no sul da Bahia, por volta das 10h30 desta terça-feira (20). De acordo com informações da 62ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), cerca de 500 pessoas foram para o local e um carro oficial foi incendiado. Ainda de acordo com a PM, o protesto é contra a ocupação feita por índios em fazendas na região de Buerarema, que fica a 15 km de São José da Vitória.
Policiais da 62ª CIPM acompanham a manifestação. Segundo eles, os integrantes do movimento permitem apenas a passagem de ambulâncias. Até por volta das 13h, os manifestantes permaneciam no local. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que a manifestação ocorre no km 540 da rodovia e deixa a estrada totalmente interditada.
A PM estima que motoristas que seguem para a região ou saem de lá em direção a outras cidades já enfrentam cerca de 6 km de congestionamento.
Entenda o conflito
A localidade conhecida como Serra do Padeiro, entre Buerarema, Una e Ilhéus, é alvo de disputa entre índios e fazendeiros. De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), indígenas estão ocupando fazendas que se encontram no interior da Terra Indígena Tupinambá de Olivença, que pertence a tribo Tupinambá.
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) afirma que 300 indígenas Tupinambás participam das ações de ocupação das fazendas, que ficam em uma área de 47.376 hectares. Segundo o Cimi, entre o dia 2 de agosto e a terça-feira (13), 40 propriedades foram retomadas. O órgão conta que a área foi reconhecida pela Funai e que o processo estaria parado no Ministério da Justiça, o que teria motivado a ocupação das terras.
No entanto, Luis Uaquim, presidente da Associação dos Pequenos Produtores da região, alega que a área ainda não foi demarcada. “São locais de 2, 3 hectares. Não tem nada homologado. Nada que diga que é uma área indígena”, disse. Ele conta ainda que os índios estariam sendo violentos durante a ocupação das propriedades.
“Eles [os índios] contratam pessoas e elas se vestem de índio, e vão atirando, tocando fogo nas propriedades. Eles [os fazendeiros] estão vivendo um terror. Eles moram lá e não têm pra onde ir. Isso é terror mesmo”, afirmou Uaquim.
“Nessa noite [quinta-feira] eles invadiram mais uma, usaram extrema violência, bateram em três pessoas. Também tocaram fogo em um barzinho, em uma garagem”, conta Herman Isensee, membro da direção da associação.
Segundo o Cimi, na noite de quarta-feira (14), um caminhão que transportava alunos da Escola Estadual Indígena Tupinambá da Serra do Padeiro, foi alvo de tiros oriundos de um homem que se encontrava em cima de um barranco. Duas pessoas ficaram feridas. Para o órgão, o objetivo do atirador era atingir um homem que seria irmão de um cacique Tupinambá.
A Polícia Federal está na região para investigar o caso, mas ainda não informou o número de propriedades que teriam sido invadidas por índios ou se houve casos de agressão. As polícias Militar e Civil também trabalham na investigação do caso.
Comércio
O comércio da cidade de Buerarema voltou a funcionar por conta da chegada da tropa da Força Nacional de Segurança, na segunda-feira (19). O efetivo da Força Nacional chegou na noite de domingo (18) na cidade de Ilhéus.
Na sexta-feira (16), durante manifestação dos produtores rurais contra invasões de fazendas na região por índios, a agência do Banco do Brasil foi depredada. A loja da Cesta do Povo foi arrombada e os produtos saqueados. Além disso, quatro carros oficiais foram incendiados na BR-101.
O principal objetivo do reforço no policiamento da região é evitar que ocorram novos atos de violência por conta do conflito entre indígenas e fazendeiros.
O policiamento na região sul conta com o apoio da Polícia Militar, que atua com a Companhia Independente de Policiamento Especializado (CIPE) Cacaueira. Não há previsão de quanto tempo a Força Nacional vai ficar na Bahia.
Fonte: G1