Minha vida começou aqui, Salvador está perto da linha do equador, existe quase a ausência de estações, as temperaturas constantes ao longo do ano e umidade, já que é uma cidade litorânea.
Primeira capital do Brasil até 1763, esta é a cidade, que tem a beleza da luz clara da manhã adentrando pelas janelas, dividida em alta e baixa, e o Elevador Lacerda entre elas…
Foi meu pai que ensinou, quando eu era pequeno, que quem nasce em Salvador é “soteropolitano” e dizia que aqui tem muita tradição e ser baiano é um doce alívio, já que, conforme Caetano Veloso “Baiano não nasce mas sim estreia”.
Temos os baianos Dorival Caymmi, Jorge Amado, João Gilberto, Novos Baianos, Raul Seixas, entre outros, onde a maneira de ser é cativante.
De repente oscilam, por entre meu cérebro, as lembranças de uma Salvador que vivi na juventude. ” A batida do Diolino” no Largo da Mariquita, o famoso “Casquinha de Siri” na praia de Piatã. Existia no farol da barra a boate Maria Fumaça e o desfile de carros na orla domingo, estas lembranças comovem e deixo sair tudo o que me passa pela cabeça e pela alma.
Nenhuma cidade tem a culinária do acarajé e abará, iguarias vindas da África, e no horizonte a ilha de Itaparica, o forte de São Marcelo e o Mercado Modelo e em itapuã uma rede balança ao vento lembrando a música de Vinicius de Morais “Passar uma tarde em itapuã, olhando o mar de Itapuã”.
Agora lembro a vegetação do recôncavo, rasteira e densa, perfurada por luzes diminutas movendo-se na escuridão da noite e o lume se espalhando por toda a Baia de todos os santos e todas as igrejas desta cidade religiosa com a proteção da fé do coração de cada baiano.
*João é natural de Salvador, onde reside. Engenheiro civil e de segurança do trabalho, é perito da Justiça do Trabalho e Federal. Neste espaço, nos apresenta o mundo sob sua ótica. Acompanhe no site www.osollo.com.br.