Saiba quais são as sete áreas de trabalho que mais separam casais

A área de saúde foi a que registrou o maior número de casamentos fracassados (29%), segundo pesquisa divulgada pelo El Clarin

Maria Dolores (nome fictício) é daquelas que se pode chamar de um partidão. Acabou de completar 40 anos, é independente financeiramente, se diz carinhosa, educada e não tem filhos. Apesar disso, ela acumula no currículo amoroso dois casamentos mal sucedidos, entre outros relacionamentos que não vingaram. O motivo: “o trabalho é prioridade na minha vida”, confessa.

Médica há 14 anos, Dolores, que se declara apaixonada pela profissão, diz que perdeu as contas de quantas vezes abriu mão das noites românticas a dois para encarar plantões que vararam a madrugada. “E muitos deles foram motivo de discórdia dentro de casa”.

Vá lá que casar com uma médica e reclamar dos plantões pode até parecer incompreensão do marido. Mas o fato é que a rotina de trabalho atribulada de Dolores, por si só, é um fator de risco que pode desencadear um divórcio, conforme pesquisa do site chileno Separados, especializado em matrimônios.

O levantamento, que foi divulgado pelo El Clarin, analisou 1.150 casos de casais cujo relacionamento não deu certo. Daí a constatação: a área de saúde foi a que registrou o maior número de casamentos fracassados (29%). Em segundo lugar, aparecem as profissões das áreas de comunicação (14%). Logo depois, vêm os profissionais da área de compra e venda de veículos (12%), seguidos por áreas de seguros (11%), transportes (8%) e turismo e hotelaria (7%). Outras áreas e profissões não mencionadas somaram 19% dos casos de divórcio.

De acordo com o estudo, essas profissões são mais propensas ao divórcio por estarem associadas ao contato permanente e direto com o público, além de exigirem longa jornada de trabalho. Segundo o levantamento, como esses profissionais se relacionam com muita gente, há maiores chances de estarem expostos a “tentações” – ele leva em conta que a infidelidade é a causa de 66% dos divórcios.

Mas para o psicólogo e terapeuta familiar Alexandre Coimbra Amaral, essa é uma justificativa simplista do estudo. Ele lembra que a traição, na maioria dos casos, não advém apenas do contato contínuo com outras pessoas. “Quem trai é porque gosta de transgredir, quebrar regras”, diz.

Contudo, Amaral concorda quando se aponta que a jornada de trabalho elevada dessas profissões pode levar a crises conjugais ou até mesmo divórcio. O mundo cobra uma dedicação maior ao trabalho e qualquer dedicação à vida pessoal é vista como um desperdício de energia”, analisa.

Segundo Amaral, o trabalho tem tido cada vez mais correlação com os términos de relacionamento. “Independentemente da profissão, todos os dias tenho queixas do tipo no meu consultório. É arroz com feijão”, comenta. A psicóloga Aline Campos crê que o trabalho se apresenta como uma fuga, mas não é necessariamente a causa dos divórcios. “Várias coisas dificultam a interação. Tem gente que tem medo de se entregar no relacionamento e vê o trabalho como válvula de escape”.

Para revigorar matrimônio, saída é criar meios para fugir da rotina

Diante de uma rotina atribulada de trabalho, qual seria o melhor caminho para não deixar que a profissão atrapalhe a vida a dois? A saída, explica a psicóloga Aline Campos, é saber cultivar o seu relacionamento, buscando sempre o equilíbrio com a vida profissional. “É preciso se dedicar, criar situações com o parceiro e ter projetos em comum”, comenta. Alexandre Coimbra Amaral afirma que é preciso adotar uma postura contracultural e fazer um esforço diário de negociação consigo para delinear a fronteira entre o profissional e o pessoal. “O ponto de partida é uma decisão clara da pessoa de que ela quer mudar esta situação. Ela precisa ter consciência que estará perdendo um pouco do status profissional para se dedicar ao relacionamento”, diz.

Nestes casos, um dos pontos cruciais pode estar no simples ato de deixar o celular de lado quando se está em casa. Problemas de trabalho, devem ser deixados no trabalho e vice-versa. “Nós vamos estar sempre direcionando a nossa energia para alguma coisa na nossa vida. É preciso saber o ponto de equilíbrio e como e quando direcionar a energia para o trabalho e para o casamento”, orienta Amaral.

Aline Campos ressalta que para não perder o vigor do relacionamento, é essencial compartilhar. “Não adianta ser envolvido com a pessoa e não compartilhar suas experiências. É preciso avaliar que o trabalho pode acabar levando o melhor de você”.

Fonte: Victor Albuquerque/Correio

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