Uma entrevista do governador da Bahia, Rui Costa, gerou ampla discussão no debate político do Brasil e dentro do Partido dos Trabalhadores (PT).
Em alguns trechos, ele sugere que o PT ajuste o discurso e se dispõe a uma possível candidatura à presidência.
Pelas redes sociais, o deputado federal (licenciado) do PT/Bahia e atual secretário de Desenvolvimento Rural (SDR) do estado, Josias Gomes, discorreu após os posicionamentos do governador.
Segundo Josias Gomes, o debate é algo positivo e argumenta que democracia e política se constroem com ideias concretas, posicionamentos firmes e assim surge o horizonte de possibilidades.
“É natural que toda fala de um governador do lastro de Rui gere divergências. Triste seria se caíssemos no diminutivo da unanimidade. Uma das forças do PT sempre foi ter quadros autênticos, onde os resultados falam por si“, disse o secretário.
Entre os principais pontos da entrevista, Rui Costa cita a importância de Lula criar uma pacificação na política nacional. Para Josias Gomes, isso não significa que o partido seria complacente ao que ele chama de “atrocidades cometidas pelo desgoverno“.
Rui tem viajado o mundo, como noticiado diversas vezes, em busca investimentos e parcerias, tanto do Consórcio Nordeste quanto da Bahia.
Josias chega a dizer que o chefe do Executivo estadual “sabe que o clima de guerra que se instaurou no país não repercute bem em nenhuma democracia forte. Isto prejudica o Brasil de inúmeras formas“.
Sobre o presidente Lula, ainda afirma-se sobre ele que é quem tem o “termômetro entre fazer uma oposição firme, crítica, apresentar propostas e ao mesmo tempo reconciliar com o nosso povo. Não podemos conviver em um país com 200 milhões de habitantes nutrindo um ódio destrutivo. A política é o espaço do debate, Lula já provou que é capaz de unir o país para que possamos caminhar juntos e conquistar o nosso espaço como protagonistas“.
Rui ainda comentou durante entrevista sobre a análise da aprovação popular da ministra Damares e a leitura do PT/esquerda: ”Não só a esquerda, todos nós precisamos ter um diagnóstico, mais preciso. Porque hoje há teses que sempre foram amplamente rejeitadas, sem adesão no Brasil, de preconceito a minorias ou opção sexual, de racismo, violência, armamentismo. Por que essas teses tem aderência, mesmo que de 25% da população? Precisamos refletir, partidos, universidades, imprensa”.
Josias cita que “Damares é uma mulher que deveria ter um papel central no ministério dos Direitos Humanos e contrapor toda esta violência programada que se espalha pela sociedade brasileira. Infelizmente, a ministra atua de forma excludente, arcaica“.
E continua: “O seu discurso e ações enraízam preconceitos, não constrói politicas públicas consistentes em consonância a importância do cargo. Isto agrava o quadro atual, reforça o discurso que a extrema direita quer impor ao país, dividir para ditar“.
Outro tema muito comentado são as parcerias público-privadas. O petista Josias diz que seu grupo político tem “que saber separar o joio do trigo e distinguir parcerias de entreguíssimo vira-lata. Temos que ter o discernimento em qual contexto econômico e político estamos inseridos. O Brasil de hoje não é o Brasil da era Lula/Dilma. Não se governa no passado, muito menos no futuro. O momento atual dos estados brasileiros requerem novas ações diante das limitações orçamentárias que temos.”
Em seu comentário sobre a entrevista do governador, Josias mencionou ainda embargos que a Bahia tem sofrido de repasse do governo federal e todas as limitações que isso teria e tem gerado.
Ele ressalta que a Bahia tem sido um modelo de gestão para o país e que governa no presente, buscando parcerias que viabilizem obras de importância como: VLT, metrô, hospitais, Ponte Salvador-Itaparica e tantas outras.
E finaliza: “Governar no mundo ideal é fácil, difícil é atravessar a maior crise política/econômica do país e conseguir proporcionar um governo que tem 80% de aprovação da sociedade baiana“.
A entrevista de Rui Costa foi concedida à Folha de São Paulo.