“Se por acaso morrer do coração,
é sinal que amei demais.
Mas enquanto estou viva,
cheia de graça,
talvez ainda faça
um monte de gente feliz.”
Amou, mas agora a tristeza nos cerca, no seu velório, as luzes das velas de copo vão tremeluzir dentro de taças de vinho coloridas, criando pequenos caleidoscópios de cor dançando pelas paredes, pela sua bela arte.
A primeira vez que ouvi Rita Lee na década de oitenta, lembro de ter sentido a presença do diferente, no jeito de cantar, na maneira de se vestir. Uma rockeira, que derramou sobre nós a profundidade de sua essência com canções cativantes. Para ela o palco era uma espécie de fronteira, um portal para a vasta extensão de sua arte.
Agora aos 75 anos, deixou que suas pálpebras cerrassem, e então os ruídos do mundo à sua volta pararam, mas a lenda já está formada em torno do extraordinário que enfim, enfim! Aconteceu, pois por pura sede de vida, estamos sempre à espera do extraordinário que talvez nos salve de uma vida contida, e ela nos salvou durante sua existência.