Fisiologicamente não há nada que comprove um aumento da libido no verão, mas é certo que é justamente na estação mais quente do ano que as pessoas, sobretudo os mais jovens, se entregam com mais frequência ao sexo casual.
Com o aumento do consumo de bebidas alcoólicas e drogas, homens e mulheres se tornam mais vulneráveis às relações, digamos, descompromissadas. E não apenas a elas, mas também as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).
Não há dados concretos, mas os especialistas afirmam, pelo crescimento da demanda em seus consultórios, que há um aumento dos casos de DSTs no verão.
Resistência
“Nesse período de muitas festas, shows e baladas, as pessoas dormem menos, se alimentam de forma indequada e esses fatores baixam a resistência do sistema imunológico (sistema de defesa do organismo), o que aumenta a possibilidade de infecções”, explica a ginecologista e coordenadora do Serviço de DST do Hospital das Clínicas da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Nilma Antas.
E embora a preocupação da maioria seja com a possibilidade de contaminação pelo vírus da Aids e com a gravidez indesejada, há uma série de outras doenças que podem ser transmitidas por via sexual como a herpes, sífilis, clamídia e o HPV.
“Essas são doenças que, embora não sejam tão conhecidas e divulgadas em campanhas e pela própria mídia, são graves e podem trazer uma série de consequências para a saúde. E não podemos esquecer que algumas delas não têm cura”, alerta o urologista Márcio Prado.
A herpes genital e o HPV, por exemplo, estão entre os exemplos. As doenças podem ser controladas, mas ainda não têm cura e a gonorreia, outra DST perigosa, pode causar infertilidade.
Apesar disso, poucos conhecem essas doenças. “Conheço mais sobre a Aids. Essas outras, já ouvi falar. Me preocupo mesmo é com a gravidez”, admite o estudante Felipe Costa, de 14 anos.
De acordo com os médicos, é comum que os jovens procurem o especialista arrependidos. “Eles, às vezes, vêm
ao consultório no outro dia ao ocorrido extremamente preocupados por terem transado sem camisinha e, normalmente, isso acontece com pessoas que eles só viram uma vez na vida”, comenta o urologista Márcio Prado.
Segundo a especialista, no entanto, o tempo para manifestação de sintomas é variável. “O período de incubação de um vírus pode variar de 48 horas a meses. A manifestação de sintomas é relativo e, em alguns casos, pode demorar de ocorrer. Não é algo que possa ser detectado de imediato”, esclarece.
Tire suas dúvidas
As chances de se contrair uma DST através do sexo oral são menores do que sexo com penetração?
O fato é que nenhuma das relações sexuais sem proteção é isenta de risco – algumas DST têm maior risco que outras. A transmissão da doença depende da integridade das mucosas das cavidades oral ou vaginal. Independente da forma praticada, o sexo deve ser feito sempre com camisinha.
Toda ferida ou corrimento genital é uma DST?
Não necessariamente. Além das doenças sexualmente transmissíveis, existem outras causas para úlceras ou corrimentos genitais. Entretanto, a única forma de saber o diagnóstico correto é procurar um serviço de saúde.
É possível estar com uma DST e não apresentar sintomas?
Sim. Muitas pessoas podem se infectar com alguma DST e não ter reações do organismo durante semanas, até anos. Dessa forma, a única maneira de se prevenir efetivamente é usar a camisinha em todas as relações sexuais e procurar regularmente o serviço de saúde para realizar os exames de rotina. Caso haja alguma exposição de risco (por exemplo, relação sem camisinha), é preciso procurar um profissional de saúde para receber o atendimento adequado.
Quais as providências a serem tomadas em caso de suspeita de infecção por alguma doença sexualmente transmissível?
Na presença de qualquer sinal ou sintoma de possível DST, é recomendado procurar um médico.
Fonte: Fabiana Mascarenhas / A Tarde, informações do Ministério da Saúde