“Deus nos ressuscitou com Cristo e com ele nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus, para mostrar, nas eras que hão de vir, a incomparável riqueza de sua graça, demonstrada em sua bondade para conosco em Cristo Jesus.” (Efésios 2.6-7)
Certa vez, Pedro perguntou a Jesus: “Nós deixamos tudo para te seguir. O que receberemos em troca?” Jesus respondeu que receberiam, incomparavelmente, mais do que tudo que haviam deixado. Mas não há notícias de que os apóstolos tenham recebido heranças materiais ou riquezas. Eles enfrentaram muitas lutas e foram martirizados.
Também não há notícias de que tenham se arrependido. Ao contrário, todos celebraram a bênção de terem crido e de terem comprometido suas vidas com o Reino de Deus. Os que os apóstolos receberam e se tornaram foi tão especial que nem a morte os fez recuar. Eles, sem dúvida, receberam mais do que haviam entregado.
Interessante que alguns usem aquela passagem para afirmar a Teologia da Prosperidade. O Reino de Deus não funciona segunda nossa lógica. Nele, riqueza, poder e grandeza não são o que aprendemos no reino humano.
Em Cristo somos trazidos de volta à vida e somos levados a repensar e reaprender a viver, por novas perspectivas. Crescer nesse caminho nos faz abençoados e também uma bênção. Dos muitos aspectos novos, um deles é que passamos a perceber o quanto somos preciosos aos olhos de Deus. E isso nos ajuda a perceber nosso próprio valor e o valor dos outros.
Coisas, bens, dinheiro e fama não nos definem mais. Deixamos de julgar também os outros por esses critérios. Jesus nos faz participantes do Reino de Deus e dos propósitos divinos.
Os projetos de Deus para a história agora nos incluem. Logo, quando as Escrituras afirmam que fomos ressuscitados com Cristo e temos lugar nas regiões celestes para mostrar nas eras futuras as incomparáveis riquezas da graça divina, isso não significa poder contar com Deus para fazer nossos projetos darem certo.
Significa viver e, enquanto lutamos e somos abençoados em nossos projetos, tudo submeter aos propósitos divinos, de modo a honrar a Deus pela maneira como fazermos as coisas.
Significa lutar neste mundo contra tudo que ofende o valor da vida humana e não lutar contra pessoas que julgamos ofensoras de Deus. Afinal, todos somos pecadores e o ofendemos.
Lembra-se do antigo hino? “Que a beleza de Cristo seja vista em mim…”. Devemos ser inspirados por esse hino. E qual é a beleza do Cristo? Está no modo como Ele viveu sua vida, tratou pessoas, obedeceu ao Pai. O mundo, no sentido de antítese ao Reino de Deus, diz respeito a um tipo de vida em que o ser humano guia-se pelo desamor.
Desamor a Deus e ao próximo. E desamor não é apenas falta de algum tipo de amor, mas também um amor egoísta, utilitarista, que condiciona o outro a nós mesmos, de modo que só o trataremos com amor se ele atender aos meus critérios. Desamor é também um amor equivocado: amo mais as coisas que as pessoas e mais a mim mesmo que a Deus.
Nesse mundo pobre de vida, seja uma dádiva. Que a beleza de Cristo se veja em você. Seja, cada dia, um sinal da presença do Reino de Deus. Se nossa vida não lembrar a de Jesus, de nada servirá pregarmos o Evangelho de Jesus. Se não crermos assim, jamais conheceremos as riquezas que compensam a entrega de tudo a Deus.