“Ele antes lhe era inútil, mas agora é útil, tanto para você quanto para mim. Mando-o de volta a você, como se fosse o meu próprio coração. Gostaria de mantê-lo comigo para que me ajudasse em seu lugar enquanto estou preso por causa do evangelho. Mas não quis fazer nada sem a sua permissão, para que qualquer favor que você fizer seja espontâneo, e não forçado.” (Filemom 1.11-14)
Quando o Evangelho de Cristo envolve nossa vida, passamos a desfrutar comunhão com Deus e isso nos ajudada a nos tornar pessoas mais saudáveis, a viver de forma saudável e a nos relacionar de maneira saudável com nosso semelhante. Deus é pleno em saúde. Nossos relacionamentos, em função de nossa condição como pecador, inclinam-se muito facilmente para atitudes impróprias. Em nome da sinceridade, somos grosseiros; por causa da liberdade, somos invasivos; e muitas vezes, na igreja, líderes, por considerarem-se “autoridades espirituais”, chegam a ser desrespeitosos. Mas tudo isso está errado! Não temos o direito de, por causa da intimidade ou em nome de Deus, agir grosseira, invasiva ou desrespeitosamente com quem quer que seja. Pois o próprio Deus não age assim.
Envolvido pelo Evangelho de Jesus, Onésimo, cujo nome significa “útil”, mas que, até então, estava sendo inútil, tornou-se alguém útil de fato. Ele decidiu voltar voluntariamente para servir a Filemom, de quem havia fugido. Nenhum outro escravo em fuga compreenderia sua decisão. Paulo, um cidadão romano, valorizou o problema daquele simples escravo. Ele se envolveu e se comprometeu para ajudar Onésimo. Quem se importaria com os problemas de um escravo e, especialmente, um escravo em fuga? Há ainda um detalhe: diante das demandas que tinha por causa de sua condição de apóstolo e prisioneiro, Paulo poderia aproveitar-se e, uma vez que Onésimo já estava mesmo perdido para Filemom, requisitar seus serviços usando sua autoridade. Poderia usar argumentos os mais diversos envolvendo a “obra de Deus” para isso. Mas não o fez. Ele não se aproveitou da situação e nem da oportunidade para tirar vantagem.
Nem sempre é assim que as coisas acontecem entre nós e, infelizmente, nem mesmo dentro da igreja. Infelizmente também nela acontecem abusos e manipulações, em função da confiança, da boa vontade e do imperativo de amarmos e servirmos uns aos outros. Mas que nada disso nos desvie do compromisso de agirmos de forma saudável, em imitação a Deus. Que deixemos o Evangelho nos moldar profundamente. Que sejamos cheios de boa vontade e sejamos respeitosos uns com os outros. Que os problemas e dores dos nossos irmãos recebam nossa atenção e cuidado. Que ajudemos a levar as cargas uns dos outros. Que nossos relacionamentos sejam saudáveis, equilibrados, éticos e bonitos de se ver. Que sejamos submissos a Cristo para que o poder do Evangelho de Jesus realize isso em nós.
ucs