Existe hoje uma obsessão por fotografar tudo a todo instante.
Deixamos de desfrutar e passamos a ser postar. Lembro da minha primeira viagem a Europa, a câmera tinha um filme que precisava ser revelado, e, no máximo, 36 fotos, então não existia está obsessão por foto.
Hoje estamos mais preocupados em registrar os momentos do que vivenciá-los de fato. Praticamente tudo é registrado por fotos. Do sorriso do bebê recém-nascido, ao nascer do sol, passando pelo vinho com os amigos, sem contar com o atropelamento de um ciclista ou a briga na esquina.
Literalmente, qualquer coisa é uma oportunidade para empunhar um smartphone, e capturar a cena para a posteridade virtual.
Estamos mais preocupados em tirar fotos do que sentir afeto. É como se o acontecimento que não fosse devidamente registrado, e logo publicado em nossas redes sociais, não tivesse sequer existido.
Por vezes, olho o mundo ao redor e constato que ele não faz o menor sentido, parece que deixou de ter nexo, existindo sempre os holofotes nas horas de cada um de nós.
Capturando o instante que não foi vivido.
João Misael Tavares Lantyer
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*Este artigo emite, exclusivamente, a opinião do autor