Recôncavo ganha Centro Territorial de Educação Profissional

{jcomments on}O CETEP é uma medida de reparação com as vítimas da explosão em fábrica clandestina de fogos de artifício devido convênio celebrado entre o Brasil e a ONU

Doze anos após explosão em fábrica clandestina de fogos de artifício que vitimou 64 pessoas em Santo Antônio de Jesus, o Governo do Estado da Bahia inaugura no município, nesta sexta, às 14h30, o Centro Territorial de Educação Profissional do Recôncavo com a presença do governador Jaques Wagner. O centro tem instalações modernas e laboratórios, inclusive de Pirotecnia (tecnologia de fogos de artifício). O CETEP Recôncavo é uma das medidas de reparação, fruto de convênio celebrado entre o Governo Brasileiro e o Sistema ONU, em 2005.

O centro vai promover a Educação Profissional de jovens e trabalhadores/as de maneira que possam atender às demandas das cadeias produtivas locais e serem beneficiados com o desenvolvimento socioeconômico e ambiental do território.

Dona Maria Madalena Rocha, 57 anos, presidente do Movimento 11 de Dezembro, perdeu três filhas na tragédia de 1998. “É uma dor que não passa, podem se passar dias e dias, anos e anos, mas pra mim a explosão foi hoje”. Ela fala que o movimento social surgiu em função da luta por reparação. “O que lutamos é por justiça, porque, se as vítimas tivessem seus documentos assinados, eles tinham direitos. Não lutamos por dinheiro, mas até hoje as famílias não foram indenizadas. E a fabricação clandestina continua do mesmo jeito”, desabafa.

Em meio a essa luta por justiça e reparação, dona Madalena acredita que o CETEP do Recôncavo vai criar novas perspectivas para a juventude. “Acho que esse centro vai trazer trabalho, tem muitas pessoas aqui sem trabalho porque não aprenderam uma profissão. Não sou contra quem trabalha com fogos, mas tem que trabalhar com segurança e com seus direitos garantidos”, afirmou.

Para ela, com os cursos que o centro vai oferecer, os jovens e trabalhadores da região terão mais chances de atuar em outras áreas. “No meu entendimento acho que os jovens terão uma oportunidade melhor, outra condição. Trabalho pra mim é colocar um currículo numa firma e receber um chamado. Eu quero assim, uma juventude esclarecida e preparada para um futuro melhor”, afirma.

Cursos – O CETEP do Recôncavo possui atualmente 490 matrículas (podendo chegar a 3 mil matrículas até 2012). Oferece os cursos técnicos de nível médio em: Logística, Enfermagem, Agropecuária e Segurança no Trabalho, na modalidade Ensino Médio Integrado à Educação Profissional; Enfermagem, na modalidade subsequente (pós-médio); e Logística, na modalidade Programa de Educação de Jovens e Adultos (Proeja). O prédio abriga laboratórios de Pirotecnia, Laticínios, Química e Informática, além de unidades didáticas de beneficiamento de café e caju.

Para o superintendente de Educação Profissional do Estado, Almerico Lima, o CETEP do Recôncavo vem preencher uma lacuna na Educação Profissional em todo o território. E além de atender às demandas socioeconômicas e ambientais de um dos Territórios de Identidade mais populosos e diversificados, o CETEP Recôncavo vai fazer uma reparação para as vítimas do acidente de 1998.

Investimentos – Foram investidos R$ 2.317.326,17 na construção do novo prédio, sendo R$ 1.885.102,17 do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), e outros R$ 432.224,00 do Tesouro Estadual. Só em equipamentos foram investidos R$ 659.945,98, sendo R$ 582.117,69 do FNDE e R$ 77.828,29 do Tesouro Estadual. Ainda estão previstos mais R$ 400 mil para a ampliação do CETEP do Recôncavo (antigo Colégio Modelo).

Avanços – Com o Plano de Educação Profissional da Bahia, o Estado já implantou 26 Centros Territorias de Educação Profissional e 08 Centros Estaduais. Com o CETEP do Recôncavo e o prédio de laboratórios a ser inaugurado, a Bahia passará a ter 27 Centros Territoriais e 140 unidades ofertando Educação Profissional em todos os Territórios de Identidade. Atualmente, são 40.100 estudantes matriculados, um avanço superior a 1.000% na oferta de vagas se comparado ao início de 2007, quando o Estado oferecia apenas 4.016 vagas para toda a Bahia.

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