SÚPLICA
Ó Deus!
Diante de tanta guerra,
Porque não manda para a terra
Uma legião de anjos armados?
Não com armas de fogo
Nem com baionetas ou cassetetes
Para educar as crianças
E elas jamais se tornarão bandidos.
Anjos capazes de fazer chover
Sobre as roças, lagos e rios
E o pão farto e a água abundante
Deixarão os homens mais fortes
E menos frios .
Os empregos também vigiados
Por seus anjos munidos de amor
E a fila dos desempregados
Com certeza terá passado
Já não causará mais horror.
Ó Deus!
Desculpe-me por querer lhe pedir
Faça isto ou aquilo
Quem sou eu? Que pretensão é esta?
Mas insisto em lhe pedir
Se nada disso for do seu agrado
Então ao menos envie um anjo
Capaz de vigiar
Cada político mal intencionado.
Quanto mais caminho, mais percebo o quanto o mundo anda sedento. As pessoas correm, sofrem se desesperam e continuam buscando a felicidade como se essa fosse apenas uma miragem nesse imenso deserto que a vida se transformou.
Há muita gente no mundo, milhares e milhares e a solidão continua assolando vidas, maltratando corações que, no fim do dia e das contas acabam desacreditando nas portas que se abrem a elas. Cada qual pensa no próprio eu e todo mundo se isola. Enquanto isso, a vida continua, cresce a indiferença, cresce o desamor, multiplicam-se as depressões e incompreensões.
As pessoas sentem-se vazias e reagem como pessoas vazias. Vazias, pelo menos, de amor e caridade, mas cheias de tristezas e desilusões. Há, portanto, dentro de cada um de nós um poço de possibilidades e compartilhar de si é deixar-se um pouquinho em cada um.
Só não tem nada para oferecer quem possui um coração vazio, não as mãos. E acabar com a solidão de alguém é contribuir para o fim da própria solidão. Oferecer a esperança é dar-se a si uma nova chance, é reabrir portas, é descobrir o novo e entregar-se a ele.
Há melhor presente no mundo que o dom de si? Há coisa mais bonita que saciar o coração de alguém? Devolver a esperança, por menor que seja ela, é dar às pessoas a oportunidade de descobrir o outro lado da vida, aquele que, embora um pouco esquecido, ainda existe.
O dia tem 24 horas e parece muitas vezes que é insuficiente para fazermos tudo o que temos que fazer. Lamentamos a falta de tempo para isso ou aquilo e pensamos que um dia, quem sabe, se atingirmos as bênçãos da velhice tranquila poderão dar um pouco mais de nós aos outros. Quanto engano!
Podemos dar de nós a cada dia e a cada hora, agindo com o coração e tendo uma atitude que nos torna diferentes em qualquer lugar. Pode-se resistir ao ódio por muito tempo, mas quem resiste à ternura, ao afeto, ao amor e à boa-vontade?
Quando as pessoas agirem com menos egoísmo e ao invés de ruminarem a própria infelicidade começarem a agir para o bem do próximo, as doenças da alma começarão a encontrar a cura e o amanhecer terá para cada um de nós um outro rosto, mais sereno, mais amigo e mais esperado.