CORAÇÃO DE POETA
Ouço dizer que os poetas
são meio anjos… meio loucos…
Mas como será o coração de um poeta?
Será um coração comum?Eu não sou poeta, apenas brinco de fazer poesias!
Com meus versos e rimas quero demonstrar
o que sente um coração quando se deixa
dominar pelo êxtase, pela paixão de escrever.
Sento-me à frente do computador,
calmo, relaxado, respiro fundo e
fico atento às batidas do meu coração.
As primeiras, quase não as ouço
de tão suaves e delicadas!
Mas quando o tema começa a se desenvolver
o meu pobre coração acelera como
se estivesse participando
de uma corrida e tem que vencer…
tem que ser campeão…
Deixo-me levar pela orquestra que
toca em minha alma,
acalenta o meu íntimo ser,
com suaves melodias,
e me traz de volta fragmentos do passado,
lembranças de momentos que vivi…
E com essas recordações eu me transporto
a universo, paisagens, cidades, locais, praças e jardins.
Eu me transporto a momentos de extrema felicidade,
para cuja percepção e sensibilidade
preciso aguçar para que não me escape a descrição…
Ouço o cantar dos pássaros sobrevoando,
vejo o sol nascente, seu brilho e sua energia….
Um espetáculo que jamais esquecerei….
Ouço o soprar do vento e me vêm à memória,
momentos na praia quando a minha amada
jurou-me amor eterno…
Sinto frio e vivencio instantes de dor,
de desespero… de separação dos
amores que se foram…
Isso tudo faz com que o coração do poeta
sobreviva a vendavais… às pressões…
tristezas… frustrações…
O coração do poeta não pode parar…
O que iria causar choro, riso, emoção, saudade,
senão os poemas, crônicas, trovas,
contos, sonetos?…
Enfim, o coração do poeta é como sua alma,
lírica, romântica, fiel e imortal!
Aqueles que fazem uso da palavra escrita com a finalidade de expressar seus sentimentos e emoções, fazem-no pelo prazer e pela intenção de deixar a marca de sua forma de ver, sentir e viver o mundo. Talvez abriguem no seu interior o desejo de serem inesquecíveis, imortais… assim são os poetas.
Os poetas fazem sua a dor que é de outro, traduzem em palavras sentimentos que nós, mortais comuns, não conseguimos dizer; tecem dramas, tramam versos, fabricam rimas, juntam tudo e constroem um poema que toca nossa alma, produz um arrepio no coração, coloca lágrimas em nossos olhos. São assim os poetas… e todos nós somos poetas. Em alguma fase de nossas vidas cometemos esta loucura de tentar transformar em poesia os fatos importantes da vida. Quem não tentou fazer versos para o ser amado, uma vez que seja? Quem não tentou derramar versos em vez de lágrimas, quando foi abandonado ou traído? Quem nunca tentou dar vida ao poeta que habita escondido no seu interior? Procuramos ser poetas, quando na verdade somos o poema. Para isso nascemos, para sermos poesia concreta, verdadeira, real…Às vezes, nos fazemos versos de pé quebrado, rima torta, quando deixamos de perceber a beleza que existe ao nosso redor, quando estamos sofrendo demasiado e pensamos estar no limite de nossa tolerância.E muitas vezes, somos o soneto ideal, que tem a rima perfeita, o ritmo adequado, as palavras certas, quando enxergamos as maravilhas que nos cercam, quando nos permitimos ser o melhor ser possível, quando concretizamos um sonho tanto tempo acalentado, quando nos deixamos tocar pelo outro sua alegria e sua dor.Somos versos tão diversos: de amor, protesto, religião, encantamento, paixão, denúncia, renúncia, fraternidade, iluminação, amizade, luta, dor e prece…Na verdade, somos todos, cada um a sua própria maneira e jeito, versos escritos por um Poeta Maior, que nos fez estrofes únicas e absolutamente indispensáveis deste maravilhoso, imenso, eterno e misterioso poema que é o Universo.