Razões para não julgarmos (III)

“Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão, e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho? Como você pode dizer ao seu irmão: ‘Deixe-me tirar o cisco do seu olho’, quando há uma viga no seu?” (Mateus 7.3-4)

O que temos no olho: um cisco ou uma viga? As palavras usadas por Jesus indicam uma poeira ou um pequeno fragmento (cisco) e uma haste de madeira, um caibro ou trave usada para sustentar o telhado de uma casa (viga). Alguns consideram essas expressões apenas uma característica do estilo oriental de usar o exagero. Mas pode ser que Jesus estivesse nos dizendo algo bem específico e não apenas seguindo um estilo. Um cisco cabe no olho e impede ou dificulta a visão. Uma trave ou viga não cabe dentro do olho, mas diante dele também impede ou dificulta a visão. Se a questão é ver corretamente, quem tem cisco precisa limpar o olho e quem tem viga precisa sair de trás dela.

Não se trata apenas do “tamanho” do pecado, de modo que, quem sabe, os portadores de “pecado-cisco” tivessem o direito de reparar (apontar, salientar) e os que tivessem um pecado-viga! Trata-se antes, e sobretudo, do tipo de relacionamento que o Reino de Deus determina que se estabeleça entre nós. E neste relacionamento ninguém deve “reparar” (julgar) o irmão. No Reino de Deus aprendemos a amar e ser misericordiosos; a levar os fardos pesados uns dos outros (Gl 6.2); e não a reparar, julgar, fofocar sobre o pecado do irmão! Se essas são as atitudes que tenho, estou contrariando a vida no Reino. Sou incapaz de ver meu irmão como devo, pois há viga entre nós que não deveria estar lá.

Jesus removeu toda e qualquer viga que pudesse nos impedir de ver e amar nosso irmão. Ele o fez pelo poder da graça, pelo sacrifício de Si mesmo por nós. Mas nós nos movemos para trás de vigas, trazendo de volta o que a graça removeu. Fazemos isso com ideias de santidade e retidão que alimentam o ego e promovem intolerância e julgamentos. Achamos que amar e suportar o irmão em seu pecado é ser conivente e escolhemos julgar e condenar. Nos recusamos a imitar Jesus e nos orgulhamos disso! Ainda que fôssemos perfeitos, e não somos, não estaríamos aptos a julgar. Jesus, o único perfeito, não julgou. Como somos ignorantes sobre Deus, sobre a vida e sobre a graça! Saia de trás da viga e poderá ver. E vendo, não sentirá necessidade de julgar, mas de amar, acolher e servir a todo que tiver cisco nos olhos!

 

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