“Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho.” (Lucas 18.12)
Esta declaração é parte da oração do fariseu da parábola de Jesus. Ele está no templo e um publicano também está lá. Como fica claro, ele levava a sério o jejum e o dízimo. O jejum, algo tão mal compreendido em nossa cultura, é bastante comum, ainda hoje, no oriente. Seu propósito é exercitar a auto negação, a mortificação do corpo e a priorização do espírito. Entre nós tornou-se uma forma de obter favores de Deus – jejua-se para receber alguma coisa. Isso é um desvio e é incoerente com o princípio da graça. Ele também dava o dízimo de maneira fiel – de tudo quanto ganhava. Que pastor não gostaria de uma ovelha assim?!
Mas há um problema que Jesus, por meio da parábola, vai deixar claro: ele estava sendo muito zeloso com o jejum e o dízimo e fracassando no amor. E o amor é indispensável na vida com Deus. Sem ele, tudo que fazemos, ainda que correto, se corrompe. Paulo disse que nada tem valor sem amor (1Co 13). Por isso uma pessoa cristã não é uma boa cristã apenas porque vai ao templo, faz orações e entrega dízimos. Mas, e fundamentalmente, porque faz tudo isso por amor e ama o próximo. O compromisso com o grande mandamento (amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos) é o que dá significa aos atos de fé que praticamos.
Sem o amor como motivo, seremos presas fáceis do orgulho. Nossa dedicação nos piorará, nossa fidelidade nos corromperá. Vamos praticar nossas disciplinas de forma interesseira, crendo que assim nos tornamos merecedores e Deus nos abençoará. Vamos desprezar os que “não são tão bons como nós” e condenar quem se atreve a fazer pecados que não fazemos. Um falso senso de dignidade nos conduzirá à presunção e, pensando que estamos horando a Deus, vamos desonra-lo. Devemos ser comprometidos com nossos deveres cristãos e precisamos ser motivados pelo amor a Deus e ao próximo. Só o temor e a dependência de Deus nos fará cristãos assim.