Que sejamos melhores

“Quanto ao mais, tenham todos o mesmo modo de pensar, sejam compassivos, amem-se fraternalmente, sejam misericordiosos e humildes.” (1 Pedro 3.8)

Lembra-se da virada do ano? Foi apenas há quatro meses. Quem imaginaria que tudo isso estaria acontecendo? Nossos planos foram desfeitos. Há pessoas sofrendo muitíssimo. A maioria de nós luta com questões mais periféricas. A mais periférica de todas é o distanciamento social. Seguindo para o centro de um círculo imaginário de efeitos do vírus, teríamos questões de sustento, que possibilita muitas subdivisões. Desde quem apenas deixou de ganhar tanto quanto ganhava até quem perdeu todo o sustento. Mas, no centro, está a perda de vidas. Há pessoas morrendo. Por outro lado a tecnologia ganhou nossas agendas. Jamais tivemos tantas pessoas trabalhando em casa. Jamais tivemos tantas Lives. Jamais tivemos tantas reuniões e tanto ensino à distância. Jamais ficamos tanto tempo dentro de casa com nossos familiares. Jamais os vizinhos foram tão importantes. Jamais o álcool foi tão útil e necessário. Jamais se limpou tanto. E a listas dos “jamais” podem estender-se indefinidamente.

Os efeitos tem sido muitos. Em minha casa diminuiu sensivelmente o pó preto! As metrópoles, desacostumadas a céus limpos, tem celebrado a possibilidade de ver o nascer e o por do sol. Há notícias de que pássaros voltaram a lugares onde já não eram vistos. Mas, e na medida em que a pandemia for passando, e as coisas ruins forem passando? As boas permanecerão? A pressa, o consumo, as buzinas, o pó, a ausência… tudo isso voltará? Esqueceremos o nome do vizinho? Deixaremos de olhar nos olhos do entregador? O que permanecerá em nossas perspectivas e atitudes? Que não sejam apenas o lavar das mãos e o receio de dar um abraço. Que não nos percamos na roda viva que tende sempre a ganhar velocidade desumanizando-nos. Que preservemos mais os recursos que temos e valorizemos mais cada pessoa que conhecemos. Que reconheçamos o valor de cada profissão, de cada trabalhador. Que a generosidade apenas cresça e sejamos gratos por respirar sem aparelhos. Que as coisas simples revelem-se preciosas, porque são!

Na linguagem do meu amigo Caldas, nos dobramos a um vírus. Mesmo aqueles que não se dobravam a Deus. E nós cristãos? Que tal escolhermos nos dobrar mais diante de Deus e por causa dele ter nosso comportamento mudado, definitivamente? E nós, igreja? Que tal, visto que temos o mesmo Senhor, que tal alinharmos o nosso pensamento e vivermos mais a unidade que Jesus orou para que fosse uma marca entre nós? Que tal sermos muito membros mais um só corpo? Muitas ideias, mas um só e o mesmo pensamento? Que tal sermos daqui para frente  sempre cheios de compaixão, de amor fraternal uns pelos outros? Que tal sermos misericordiosos e humildes, todos os dias do ano e pelo resto dos anos de nossas vidas? Que efeitos isso traria para nossa vida pessoal e comunitária? Com que poder o Evangelho seria pregado por nós e como seria a nossa adoração prestada a Deus? Tudo isso que temos vivido pode ser uma grande oportunidade. A vida ao nosso redor será muito melhor! O coronavírus tem cobrado um preço alto do mundo. Mas ele não se compara ao preço que Jesus pagou!

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