“Quanto mais conscientes dos nossos atos inconscientes, mais conscientes seremos de quem somos”, explica o psicanalista Luís Vinhas

“Quanto mais conscientes dos nossos atos inconscientes, mais conscientes seremos de quem somos”, explica o psicanalista Luís Vinhas
Psicanalista e professor Luís Vinhas (Foto: Reprodução)

Existe uma tendência em analisar os problemas que assolam o mundo sob uma perspectiva genérica; contudo trata-se de uma abordagem incorreta, uma vez que o foco deve estar a priori voltado ao indivíduo, sendo este o elemento constitutivo da coletividade; assim explica o psicanalista Luís Vinhas, que em entrevista ao jornalismo do OSollo, enfatizou que uma grande parcela dos problemas presentes na sociedade são decorrentes de conflitos psíquicos.

Por sua vez, o Luís Vinhas é um profissional multidisciplinar, conhecedor exímio de diversas áreas do conhecimento humano, sempre buscou priorizar uma sistematização de vários campos – semelhante ao prestigiado psicanalista francês Jacques Lacan (1901-1981) que se utilizou de conceitos da linguística saussuriana para complementar a psicanalise freudiana. A partir da interdisciplinaridade, Luís Vinha visa contribuir para a equação dos problemas existenciais que se tornou uma marca da sociedade pós-moderna.

Professor, psicanalista e palestrante, o Luís Vinhas é formado nas linhas de pensamento de Sigmund Freud, na psicanalise paulina (caracterizada por um entrelaçamento quântico da psicanalise com a teologia), na psicanalise de Maldavsky (baseado no “Algoritmo” de David Liberman, voltado para a análise da fala e da psicomotricidade); doutorando em Psicologia Clínica na UCES (Universidad de Ciências Empresariales y Sociales), em Buenos Aires; entre outras formações.

No início da entrevista, Luís Vinhas destacou a importância da “conscientização dos valores da psicanalise na constituição do equilíbrio do ser humano”, pois segundo ele “hoje em dia, na velocidade como as coisas se processam, neste mundo secular, o imediatismo constitui um véu dos cuidados necessários para o centro da saúde psíquica”. A crítica que Luís Vinhas faz é a respeito da negligência para com os problemas de ordem psíquica, priorizando apenas os problemas perceptíveis, que envolvem a estrutura e o funcionamento do corpo. Uma vez que “esse conjunto de conflitos que não são devidamente levados em conta, uma vez que suas manifestações ocorrem de forma subjetiva e progressiva e, por conseguinte, não sendo constatados objetivamente pelo paciente e, portanto, acarreta nas patologias psicossomáticas”, explicou o psicanalista.

Uma vez não reconhecendo tais conflitos internos, acaba por desencadear o que Luís Vinhas se refere como “mecanismo de defesa e fuga”, trata-se de um “reflexo de uma sociedade em conflito existencial nos diversos sistemas de existência, seja ele do micro ao macro – individual, familiar, social e etc”. De acordo com ele, tais mecanismos de defesa e fuga vêm “a constituir as angústias que em fatores acumulativos que implodem em uma série de hábitos nocivos que sorrateiramente ameaçam a quietude psíquica dessa paz interior que tanto buscamos”. Um exemplo disso é o Transtorno Obsessivo Compulsivo, popularmente conhecido como TOC, que consiste em um conjunto de comportamentos repetitivos decorrentes de uma obsessão desenvolvida pelo indivíduo; que não rara às vezes comprometem a sociabilidade nas diversas esferas da vida humana.

O psicanalista Luís Vinhas ainda enfatiza que “dentro destes mecanismos de defesa e de fuga há a busca sistemática pelos prazeres existenciais canalizados neste caos social, como o excesso de bebida, sexualidade de cunho pejorativo, drogas e uma ausência na consciência da constituição primeva da existência em Deus”. Portanto, os males que atingem a sociedade são um efeito, e não a causa. Por exemplo, a dependência em substâncias ilícitas ocorre por conta de um conflito psíquico que o indivíduo queira amenizar mediante o consumo de tais entorpecentes.

Por este motivo, “o frenesi social constituído no inconsciente coletivo que nos impede de percebermos quem realmente somos; portanto, quanto mais conscientes dos nossos atos inconscientes, mais conscientes seremos de quem somos”, concluiu Luís Vinhas.

Tendo em vista os seus significativos trabalhos institucionais e pesquisas realizadas em Teixeira de Freitas e região, o psicanalista Luís Vinhas passa a ser o novo colunista do OSollo, abordando com propriedade este vasto universo que é a psique humana. E aqueles que são dominados pelos conflitos de ordem psíquica, podem conhecer melhor os trabalhos de Luís Vinhas a partir do mês de junho com a inauguração do Instituto Lumiar, que venha a ser o instituto da mente, o qual ele é diretor. O local do instituto é na Rua Mauricio de Nassau, nº 43, bairro Vila Caraípe, em Teixeira de Freitas.

 

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