Quando um homem ouve a voz de Deus

“Tu disseste: ‘Agora escute, e eu falarei; vou fazer-lhe perguntas, e você me responderá’. Meus ouvidos já tinham ouvido a teu respeito, mas agora os meus olhos te viram. Por isso menosprezo a mim mesmo e me arrependo no pó e na cinza.” (Jó 42.4-6)

Estamos encerrando nossa jornada com Jó. Apenas mais alguns dias e nos voltaremos para um outro texto das Escrituras. Mas será um final eletrizante! A história de Jó é um grave questionamento à nossa fé, espiritualidade e devoção contemporâneas. Suas experiências, reações e atitudes contrastam com o senso comum dos cristãos modernos. Como vimos, Deus por fim se manifestou a Jó, mas de um jeito que não estaríamos muito interessados. Afinal, queremos favores e bênçãos divinas, não uma enxurrada de perguntas que apenas destaquem nossa pequenez e incapacidade. Mas foi exatamente isso que Jó recebeu de Deus.

“Mas pelo menos ele ouviu Deus falar!” Alguém poderia pensar. E alguns talvez questionem: “será que Jó ouviu mesmo a voz de Deus ou foi uma voz interior?” Parece que sim, ouviu, como tantos outros nas Escrituras. “Será que estava louco?” Bem, conquanto que loucos em sua maioria dizem que Deus falou com eles, não creio que seja o caso. Creio que Deus realmente falou com Jó. Se Ele ainda fala? Creio que sim, mas tenho dúvida se tem falado tanto quanto ouço dizer. Tenho dúvida se tem falado com todo mundo que diz “o Senhor me disse”. Após Deus falar, Jó sente que ficou “cara a cara” com Deus. Mas é notável o que se segue: Jó sente-me mais miserável e está mais consciente dos próprios pecados. A teofania (manifestação de Deus) produziu humildade e arrependimento.

Em muitos que dizem ter ouvido Deus, revela-se orgulho e atrevimento. Jó ficou melhor, outros ficam maiores. A teofania na vida de Jó creio ter sido real, a de muitos, tenho sérias dúvidas. Não porque Deus não fale mais, mas por causa do caráter de quem diz que ouviu. Confundem-me o orgulho, prepotência e intolerância com que lidam com outros. Assim como a superficialidade e simplismo com que lidam com a vida. Por que Deus não fala comigo como falou com Jó? Talvez porque eu não seja capaz de ouvi-lo e me render como Jó, mas me torne um presunçoso, intolerante e orgulhoso, como os que acabei de criticar. Por enquanto, alimento-me da teofania vivida por Jó e oro para que faça de mim o que fez dele: um crente vazio de si e rendido a Deus. Não é fácil, mas Deus pode fazer todas as coisas!

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