“Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste? Por que estás tão longe de salvar-me, tão longe dos meus gritos de angústia?” (Salmos 22.1)
Há salmos de louvor e gratidão e há salmos de lamento e tristeza. Pois na vida enfrentamos momentos bons e momentos ruins. Há salmos em que Deus é exaltado pelo socorro recebido e há salmos em que Deus é questionado por não ter se manifestado. Este é um salmo que retrata a noite escura da alma, como diziam os pais e mães da igreja. Retrata a decepção e o vazio. O salmista está inseguro e sofrendo. Ele sente falta de Deus, do poder, da ação, da resposta de Deus. O que ele sente é algo mais que apenas ausência. Seu sentimento é mais grave que apenas sentir que Deus não está. O sentimento é de abandono. Ele sente como se Deus lhe houvesse virado as costas. Você já se sentiu assim em relação a Deus? Conheço pessoas que abandonaram a fé porque se viram na situação em que o salmista está.
Mas o salmista não abandonou a fé, não desistiu de Deus. Ele orou. Ele escreveu sua poesia de lamento e reclamação. Podemos fazer o mesmo. Não precisamos ser politicamente corretos em nossas conversas com Deus. Podemos rasgar a alma. Podemos (e devemos) dizer como nos sentimos. Mas não devemos perder de vista quem Deus é e o que Ele já disse. Ele não está obrigado a nos dar explicações, todavia, as vezes chega a dar. Ele nos ama e já nos provou isso enviando-nos Jesus: “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3.16) Não devemos perder isso de vista. Em lugar de desistir da fé quando Deus parecer não fazer sentido, devemos persistir na fé. Orar e reclamar com Deus, mas jamais duvidar do amor de Deus.
Agindo assim preservaremos nossa saúde emocional e nossa saúde espiritual. Seremos cristãos e humanos – há quem pense que só podemos ser uma das coisas! Não precisamos lidar bem com as crises e nem precisamos abandonar a fé por causa das crises. Quando a vida segue rumos indesejados, quando o mal nos atinge, quando as perdas se confirmam e a nossa esperança sangra, e sentimos como se Deus estivesse distante, a alma se inquieta. É de nossa natureza nos decepcionarmos com Deus. Nesses momentos devemos orar e dizer a Deus como nos sentimos. Mas não devemos desistir da fé. Deus merece nossa escolha de crer, mesmo quando sentimos que não vale a pena crer! Podemos seguir crendo, mesmo quando pensamos o pior sobre Deus.