“Dilma, pare de mentir. Se gosta de homossexual, assume”, disse Bolsonaro

Após a declaração feita em discurso no plenário da Câmara, o deputado Jair Bolsonaro diz que a intenção era falar do “amor de Dilma com a causa homossexual”

O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) criou nova polêmica na Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (24) ao questionar a sexualidade da presidente Dilma Rousseff em discurso no plenário. O parlamentar destacou que, em audiência na Câmara nesta quarta-feira (23), representantes do Ministério da Educação teriam discutido a inclusão do combate à homofobia nos currículos escolares. Bolsonaro lembrou que a presidente Dilma tinha ordenado a não distribuição nas escolas de material relativo ao combate à homofobia, chamado de kit gay pelo deputado do PP e outros parlamentares evangélicos.

“O kit gay não foi sepultado ainda. Dilma Rousseff, pare de mentir. Se gosta de homossexual, assume. Se o teu negócio é amor com homossexual, assuma. Mas não deixe que essa covardia entre nas escolas de 1º grau”, afirmou Bolsonaro. O pronunciamento de Bolsonaro foi retirado das notas taquigráficas pelo deputado Domingos Dutra (PT-MA), que ocupava a presidência da sessão, a pedido do deputado Marcon (PT-RS). Caberá agora ao presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), decidir se o pronunciamento ficará registrado nos documentos da Casa.

Em conversa por telefone com a reportagem, Bolsonaro afirmou que não era sua intenção questionar a sexualidade da presidente da República. “Não me interessa a opção sexual dela, eu só não quero que esse material vá para a escola”. Ele afirmou que estava falando do amor de Dilma com a “causa homossexual”. Chegou a comemorar e disse que a polêmica criada em cima da declaração era positiva. “Uma frase equivocada está ajudando a levantar o mérito da discussão”.

O deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ) criticou o colega na manhã desta quinta durante a sessão. Afirmou que as declarações de Bolsonaro podem significar quebra de decoro parlamentar. A vice-presidente do Senado, Marta Suplicy (PT-SP), pediu que o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), tome “providências enérgicas” em relação a Bolsonaro. Marta afirmou que Bolsonaro está “sem freio de arrumação” e foi além dos limites do decoro parlamentar em seu pronunciamento, faltando com o respeito à presidente da República.

O discurso do deputado do PP teve ainda questionamentos ao ministro da Educação, Fernando Haddad, pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo. “Povo paulistano, será que o Haddad como prefeito vai colocar uma cadeira de homossexualismo no primeiro grau?”, perguntou Bolsonaro. Mais tarde, o parlamentar voltou à tribuna da Câmara. Dessa vez, foi menos incisivo contra a presidente e sugeriu que ela possa estar sendo enganada por Haddad e pela ministra Maria do Rosário (Direito Humanos) na discussão sobre o combate à homofobia nas escolas.

Marta pede punição para Bolsonaro

A primeira vice-presidente do Senado, a senadora Marta Suplicy (PT-SP), pediu nesta quinta-feira (24) ao presidente da Câmara dos Deputados, deputado Marco Maia (PT-RS), que adote providências para punir o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) por falta de decoro parlamentar.

A senadora disse que, “como mulher, como mãe, como senadora, como vice-presidente do Senado”, não podia se calar diante das palavras de Bolsonaro, que disse que a presidente Dilma Rousseff deveria “assumir logo se o seu negócio é amor com homossexual”. Marta acredita que as providências contra o deputado são necessárias para evitar que ele continue ofendendo as pessoas. “Sinto muito a falta de decoro parlamentar desse deputado, que tem ofendido cidadãos comuns e agora até a presidente da República”, disse.

Marta afirmou que a falta de decoro de Bolsonaro se deve não por ele dizer que a presidente Dilma possa ser homossexual, mas, sim, por fazer insinuações a respeito da sexualidade da presidente da República, “quando a opção sexual de qualquer ser humano é uma questão de foro íntimo”. Ela disse ainda que resolveu se manifestar sobre o fato por causa da “indignidade do pronunciamento e pelo absurdo”.


Fonte: Revista Época e Agência Estado

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