O projeto “Aprender a transformar a mente” foi idealizado por uma professora de matemática, sendo acolhido pela comunidade escolar e vários parceiros
Um projeto desenvolvido na Escola Municipal Clélia das Graças Figueiredo Pinto tem mudado a vida de adolescentes, familiares e voluntários no bairro Santa Rita, em Teixeira de Freitas.
Desde novembro do ano passado, alunos recebem atendimento psicológico voltado para a prevenção e superação de dificuldades emocionais em vários aspectos.
A ideia surgiu quando a professora de matemática Josélia Nascimento, que é também psicanalista, notou situações preocupantes e resolveu mudar esse panorama – que é comum em escolas de todo o país.
“O projeto surgiu realmente na sala de aula, observando o sofrimento dos alunos. Alguns chegavam apáticos, outros agressivos, outros com blusas de frio mesmo com muito calor, e, na própria escola, eles saem para ir ao banheiro e voltam com cortes“, disse Josélia.
A professora acrescentou que as escutas começaram no fim do ano passado e sendo retomadas em 2019. Ela ressalta que, em diversos casos, a ação tem sido determinante.
“A sociedade tem que entender que o sofrimento é real. Os pais, às vezes, falam que é para chamar a atenção, e realmente é“, disse.
O projeto
O projeto ganhou o nome “Aprender a transformar a mente”. Atualmente, são cerca de 14 voluntários, entre psicólogos, psicanalistas, psicopedagogos, assistentes sociais e psiquiatra.
Os profissionais foram procurados criteriosamente pela equipe do projeto, tiveram contato com a ideia e se dispuseram.
Os atendimentos acontecem em um antigo depósito, que foi readequado pela escola. Os profissionais atendem em uma agenda de segunda a sexta-feira, pela manhã e à tarde.
Os alunos são ouvidos de forma individual, mas também participam de atividades em grupo (coaching), que envolvem também os funcionários da escola.
Para serem atendidos, eles são direcionados pelos professores e até mesmo pelos pais e pelos próprios colegas.
Uma das psicólogas voluntárias contou como recebeu a ideia do projeto. Gillandia Feitosa destacou que é necessário que as autoridades abracem a ação, tendo em vista que surgiu “de baixo para cima”.
“Foi um olhar muito pertinente, independente de qualquer coisa. É essa a motivação e a preocupação minha enquanto psicóloga, é salvar literalmente esses alunos“, comentou.
A escola
A Escola Municipal Clélia das Graças Figueiredo Pinto está localizada na rua Joana Angélica, s/n, bairro Santa Rita. Estão matriculados cerca de 1200 alunos, do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental.
Cerca de 160 adolescentes já foram ou estão sendo atendidos.
A coordenadora Betania Dias enfatizou como os problemas psicológicos comprometem a aprendizagem e que isso foge da alçada pedagógica.
“Nós temos casos em que, depois de dois ou três atendimentos, o aluno já está mais participativo. Há também aqueles que vêm nos procurar para irem para a sala de atendimento. Ressalto a importância do trabalho em grupo com três turmas que necessitam de uma atenção especial“, acrescentou.
A vice-diretora da escola, Sirleth Santos, falou um pouco sobre a necessidade de que o sistema educacional tenha um olhar acolhedor para com o assunto – o que tem acontecido.
“Se o sistema, a escola, a família, nossos voluntários não agirem, acontecerão mais casos como esses que temos visto no Brasil“, comentou.
Conforme a equipe explicou, as ações não se limitam à escuta. Em algumas situações, os estudantes são também direcionados para atividades culturais, esportivas e recebem bolsas de estudo.
Dentro do projeto, atuam ainda a diretora da escola, Leliane Chaves; a coordenadora Helena Apolônio e a apoiadora Célia Formosa.
Quem mais quiser colaborar com o projeto de alguma forma, seja profissional da área, empresários, ou outros segmentos, podem procurar a escola e conhecer mais sobre a iniciativa.