Um novo estudo conduzido por pesquisadores de diversos países e divulgado na revista Science desta quinta (13) apresenta dados e conclusões sobre a relação entre a variedade de espécies de árvores em um mesmo ecossistema e a produtividade desse ecossistema. O engenheiro florestal e professor da UFSB, Daniel Piotto, é um dos autores do artigoPositive biodiversity-productivity relationship predominant in global forests, resultado de estudos do grupo de pesquisa internacional Global Forest Biodiversity Initiative.
Os efeitos da crise global de extinção de espécies sobre o funcionamento dos ecossistemas naturais têm sido muito debatidos pela comunidade científica internacional. Com um melhor entendimento da relação entre biodiversidade e produtividade, é possível quantificar quais poderão ser os impactos da perda de espécies na provisão de produtos e serviços pelas florestas do planeta.
Os resultados
Os cientistas concluíram que ocorre uma relação positiva, direta, entre a riqueza de espécies de um ecossistema florestal e a capacidade produtiva do mesmo. Quanto mais árvores de espécies diferentes em uma floresta, melhor; na mesma lógica, quanto menos biodiversidade, mais acelerada a queda da produtividade florestal.
Esse efeito foi encontrado consistentemente em diferentes locais. O estudo do efeito da riqueza de variedade no volume de produtividade das árvores envolveu o uso de inventário florestal de 777.126 parcelas de amostragem em 44 países, buscando a representação da maior parte dos biomas terrestres. A mesma perda de variedade de espécies de árvores teria efeitos significativos, com variações em cada localização. Uma das regiões visitadas foi a Bahia, que contém a maior diversidade florestal dentre as áreas estudadas.
Mais diversidade traz mais produção
Dentre as conclusões do artigo, estão o efeito negativo da perda de biodiversidade na produtividade florestal, e os potenciais efeitos benéficos da transição da monocultura para as culturas mistas, que estão sendo promovidas na Europa.
Além disso, a variedade de espécies também influi no percentual de absorção de carbono da atmosfera. Uma estimativa dos autores do artigo considera que, a partir do nível atual de biodiversidade, se ocorresse uma hipotética extinção de 25% das espécies de árvores no mundo inteiro, isso provocaria uma redução de 7,2% da retirada total de carbono, o que afeta a capacidade global de controlar os efeitos da queima de combustíveis fósseis, como a gasolina e derivados do petróleo e o carvão.
O valor econômico da biodiversidade na manutenção da produtividade florestal global é estimado pelos pesquisadores em um valor na faixa dos US$ 500 bilhões ao ano, mais de cinco vezes superior ao que custaria para implantar um programa efetivo de conservação de todos os ecossistemas florestais do planeta. Isso levou os autores a destacar a necessidade de redefinir o valor da biodiversidade nas tomadas de decisão e reavaliar as estratégias de gestão e as prioridades de conservação desses recursos ambientais em âmbito global.
Ascom – UFSB