Professor baiano estuda vírus em animais que podem infectar humanos

Professor baiano estuda vírus em animais que podem infectar humanos
Professor baiano estuda vírus em animais que podem infectar humanos. Imagem: Divulgação

Com a pandemia de covid-19 que afeta o mundo inteiro em diversas esferas da sociedade desde 2020, um estudo realizado na Bahia dá continuidade a uma linha de pesquisa que há muito vem sendo estudada: a diversidade de vírus que habita no reino animal e o potencial que possui para infectar seres humanos. À frente da pesquisa, que envolve diversas instituições e pesquisadores, o professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Fernando Vicentini, afirma que a inspiração para o trabalho é antecipar a descoberta de potenciais vírus que possam causar doenças de alta relevância para a espécie humana.

De acordo com o professor, o grande diferencial deste trabalho está na amplitude do estudo, visto que diversos animais, de diferentes espécies e habitats, foram analisados. “Tivemos acesso desde animais oceânicos até grandes felinos, passando por reservas biológicas, pequenos roedores, morcegos, tartarugas marinhas, entre outros. Nosso maior destaque é a diversidade, tendo, inclusive, a adição de uma equipe somente para estudar serpentes”, destaca, ressaltando que o projeto já originou mestres e doutores e teve amplitude nacional e internacional, a exemplo da parceria com a Academia Húngara de Ciências, através da Universidade Veterinária, e outras instituições, onde foi possível identificar e descrever diversos tipos de doença oriundas de vírus.

Recentemente, o grupo de pesquisa articulou uma cooperação institucional entre a UFRB e a Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), além de terem sido contemplados no Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS), da Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb), na busca por vírus com potencial para contagiar humanos, com foco em coronavírus e adenovírus. “Em uma pesquisa como esta, temos diversos benefícios a serem destacados. Se analisarmos o impacto causado na área da saúde dos animais, temos as técnicas de manejo que podem ser adotadas para melhorar a qualidade de vida dos seres estudados. Além disso, indicadores de poluição ambiental também são fatores secundários que podem ser extraídos desta pesquisa, e, principalmente, as novas técnicas de diagnóstico que podem surgir com a descrição de doenças descobertas nesses animais”, declarou ao completar que na fase atual do trabalho, é esperado que o grupo consiga descrever a circulação de coronavírus (SARS-COV-2) e sua proximidade com animais selvagens.

Para Fernando, o projeto é de suma importância para evitar potenciais crises causadas por pandemias. “Acreditamos que os adenovírus infectam diversos animais selvagens, então a vigilância precisa ser constante. Se o que estamos fazendo com o adenovírus tivesse sido feito com o coronavírus, talvez grande parte dos impactos da pandemia pudessem ser evitados”. O grupo de pesquisa almeja montar uma grande rede de vigilância molecular e, para isso, está em articulação com todas as universidades da Bahia. “Vale destacar que trabalhamos muito com animais que foram atropelados em rodovias e isso nos ajudou imensamente a aumentar a diversidade das espécies e ampliar ainda mais o estudo”, finalizou.

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