No Brasil, o que verdadeiramente nos mata, o que torna esta conjuntura inquietadora, cheia de angústia, estrelada de luzes negras, é a desconfiança. O povo, simples e bom, não confia nos homens que hoje estão no poder. Porque lhes bradam em vão: “Sede honrados”. Esta desconfiança perpétua leva à confusão e a indiferença. O estado de expectativa e de demora cansa os espíritos. Não se pressentem soluções nem resultados definitivos. Nos debates temos grandes torneios de palavras, discussões sonoras; o país ver os mesmos homens pisarem o solo político, a mesma gradativa decadência.
A política, sem atos, sem fatos, sem resultados, é estéril e adormecedora. O país, que tem visto mil vezes a repetição desta, dolorosa tragédia, está cansado: o poder anda, num certo grupo de homens privilegiados, que investiram aquele sacerdócio e que a ninguém mais cedem as insígnias e o segredo dos oráculos. Repitamos as palavras que há pouco o deputado disse no parlamento, “A pátria está fatigada de discussões estéreis, da fraqueza dos governantes”.
O nosso país realmente se tornou France Kafka. Tem sido uma Metamorfose, de partidos sem programas definidos, de orçamento secreto, de deputados sem ideais, de corrupção constante. Sinais perceptíveis para quem tem olhos de ver, ouvidos de escutar e inteligência de entender, que a nossa democracia não tem partidos sólidos e sim salvadores da pátria.