PREPARADOS PARA FALAR

“Antes, santifiquem Cristo como Senhor no coração. Estejam sempre preparados para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês. Contudo, façam isso com mansidão e respeito, conservando boa consciência, de forma que os que falam maldosamente contra o bom procedimento de vocês, porque estão em Cristo, fiquem envergonhados de suas calúnias.” (1 Pedro 3.15-16)

Pedro foi, por muito tempo, um homem impetuoso, daqueles que não tem paciência com os que andam devagar. Um homem prático, direto e sem papas na língua, como usamos dizer. Aliás, essa expressão vem de algo curioso. Entre as galinhas há uma enfermidade que produz pequenos tumores na língua e que as impede de cacarejar, chamados “papas”. Daí, sem papas na língua, podendo falar livremente. A expressão refere-se a falar sem muita cerimônia e, às vezes, sem refletir. Pedro era desse tipo, mas mudou. Seria impossível não mudar, pois o Evangelho transforma. Ele não apenas anuncia que em Cristo somos transportados do reino das trevas para o Reino da Luz (Cl 1.13), mas que também somos feitos novas pessoas, deixando para trás as velhas coisas (2 Co 5.17). Isso inclui nosso temperamento, nossa velha maneira de lidar com a vida e com as pessoas.

Pedro, tendo amadurecido e superado sua impetuosidade, aconselha que tenhamos uma atitude mais santa, de dentro para fora. Cristo deve ser honrado em nossa vida, em nosso interior. E o sinal disso é que vamos melhorando do lado de fora, sendo aperfeiçoados, vamos nos tornando seres humanos inspiradores em nossas atitude e escolhas. E assim podemos ser mais amorosos e respeitosos com os outros. A ação do Espírito Santo em nós nos fortalece para uma vida coerente de modo que nossa própria consciência não nos acuse (conservando uma boa consciência). Mesmo procedendo corretamente, pode ser que pessoas se levantem para nos acusar, mas o farão sem razão e suas palavras serão refutadas, não por nossas palavras, mas por nosso procedimento. Vivendo assim despertaremos o interesse de pessoas para entenderem a razão dessa forma de agir. Na linguagem do apóstolo, desejarão saber a razão da esperança que há em nós.

É assim que o Evangelho que nos alcançou vai chegando de maneira poderosa a outros. Não se trata do nosso poder de argumentação ou convencimento, mas da misteriosa presença do Espírito Santo, que torna visível em nós a comunhão que temos com Deus. Cada vez menos as pessoas acreditam em argumentos, mas ainda é poderosa a influência de uma vida amorosa e temente a Deus. E quando desejarem saber, é com mansidão e respeito que lhes diremos as verdades em que cremos. Revelando que, como nós, eles também são amados por Deus. E, como eles, nós também não merecemos este amor. Assim as barreiras caem, pois não se trata de nossa verdade superando a deles, mas de tanto nós quanto eles sendo alcançados por uma verdade superior, que nos é revelada em Cristo. Que estejamos preparados para isso. Preparados para falar, mas, sobretudo tendo atitudes que manifestem a graça que nos alcançou.

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