A comunidade acadêmica do campus XVIII da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) entrou com embargo contra a Prefeitura de Eunápolis, que, segundo a instituição de ensino, estaria invadindo um terreno pertencente ao campus. A área teria sido doada pelo Governo do Estado da Bahia em 2017, com o propósito de que fossem erguidas as edificações da sede própria da universidade, que está há 20 anos no município. Além disso, a Direção do Colégio Cleriston Andrade, parceiro da Uneb na área invadida, emitiu ofício para a Secretaria de Educação do Estado informando o ocorrido.
No entanto, na última sexta-feira, 13 de julho, a prefeitura de Eunápolis começou obras no local. Segundo o secretário de Infraestrutura, Pedro Bonomo, com fins a ampliar uma rua que dá acesso a um condomínio fechado, denominado Jardins de Eunápolis. Conforme informações, o secretário foi alertado pela direção do Centro Integrado de Educação de Eunápolis (CIEE) de que o terreno pertence ao Campus XVIII da Uneb. Na ocasião, ele teria alegado não ter conhecimento do assunto e afirmou que suspenderia a atividade. Porém, no dia seguinte, as obras foram retomadas.
Na propriedade, que fica na rua Paulino Mendes Lima, esquina com o acesso aos Jardins de Eunápolis, já funciona o Centro Integrado de Educação de Eunápolis, antigo Colégio Clériston Andrade, que faz parte do projeto de fortalecimento da educação básica no município. Conforme o professor Wilson Alves de Araújo, diretor do campus XVIII, o diálogo com a administração de Eunápolis sempre fora “muito bom”, no entanto, mesmo após diálogo proposto pelo magnífico reitor da Uneb, José Bites, no qual se acordou uma data para representantes do Executivo municipal e da universidade estarem conversando sobre o assunto, as obras foram continuadas, e no sábado, a Secretaria de Infraestrutura teria demolido o muro e dado início à construção de um novo, já em novos limites territoriais.
A mudança do muro implica em, aproximadamente, 500m² a menos do terreno da Uneb. E a perda é pior se observarmos as plantas e o projeto do prédio da instituição, cuja construção está prevista para começar ainda este ano. No espaço invadido pela PME serão construídas 20 salas de aula e o Centro administrativo do campus 18.
O projeto da universidade é audacioso, conforme o professor Wilson nos informou. A comunidade estudantil do Extremo Sul será beneficiada com uma moderna universidade pública. Dentre o previsto, terá quadra, academia ao ar livre, centro de hospitalidade para alunos de outras cidades, anfiteatro e muito mais. Todavia, o objetivo galgado por anos foi ameado pelas obras da prefeitura, e toda região pode perder caso não seja resolvido o impasse. O diretor do campus contou, ainda, à nossa reportagem que a atual sede é em regime de comodato com uma empresa de celulose, e a Uneb tenta manter para que o novo campus possa ser um centro de pós-graduação que beneficiará todo Extremo Sul.
O diretor do Campus XVIII, Wilson Alves de Araújo, por meio de nota, disse: “acompanhamos com apreensão a ação intempestiva da Prefeitura Municipal de Eunápolis em relação ao terreno que será implantado o CIEE, uma integração UNEB e Secretaria de Educação. O nosso setor jurídico entrou com uma ação de embargo a essa obra. Estarei retornando de Salvador, após o término do CONSU [Conselho Universitário] e, na segunda-feira pela manhã, atuaremos de forma contundente para resguardar os interesses da Comunidade Acadêmica do Dezoito e, especialmente, a integridade do patrimônio da UNEB. Na verdade, patrimônio da Comunidade do Território de Identidade Costa do Descobrimento”.
Segundo ele, hoje, às 16h, se reunirá com o Núcleo de Educação do Estado no município pra buscarem, juntos, meios de resolver o problema.