Praia

Praia

Estava exausto de tirar ideias de mim mesmo. De ficar no apartamento. Então a sede profunda apareceu. Eu precisava ir à praia. Então minha própria sede guiou-me. Moro no bairro da Graça, relativamente perto do Porto e do Farol da Barra. Queria só olhar o mar. Só para ver. Só para sentir. Só para viver. Fui andando, desci a ladeira da Barra, passei pelo cemitério dos ingleses, cheguei ao porto no momento do pôr do sol. Fiquei parado na balaustrada. Ali, o Sol transmitia sua beleza no horizonte. Eu não via nenhuma avareza: tudo se dava por inteiro ao vento, no ar, a vida, tudo se erguia em direção ao céu. E mais: dava também o seu mistério. O mistério do pôr do sol me rodeava. Olhei barcos navegando. Para onde será que ia? De propósito, não vou descrever o que vi: cada pessoa tem que descobrir sozinha. Apenas lembrarei que havia raios solares secretos. De passagem falarei de leve na liberdade dos pássaros. E na minha liberdade. Mas é só. O resto era o azul do mar. Senti um encantamento com o momento presente, apenas perceptível de alma. Fui à água e molhei parte do corpo, sem me incomodar. A areia estava morna. Estava com um cansaço gostoso, era hora de voltar, o sol já estava se pondo

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