Por que será que a vida da gente muda de modo tão radical? Para onde foi aquele eu de antigamente? O Eu que estava sempre indigno com as decisões do poder, com a irracionalidade em relação ao óbvio, com um governo não humanista.
Agora sinto com a viagem do atual chefe de governo para os EUA, a presença do diferente, já está começando a transição do estranhamento para a familiaridade, no que acredito para o meu país, não sei se a colocação de 37 ministros é bom, mas não tinha jeito para ter governabilidade. Será um novo mapa mental e emocional, a presença de um governo próximo do que eu imaginava.
Os acontecimentos parecem-se com os homens. São melindrosos, ambiciosos, impacientes, o mais insignificante quer aparecer antes do mais idôneo, atropelam tudo, sem justiça nem modéstia… E quando todos são graves? Então é que é ver um miserável cronista, sem saber em qual pegue primeiro.
Se vai ao que lhe parece mais grave de todos, ouve clamar outro que lhe não parece menos grave, e hesita, escolhe, torna a escolher, larga, pega, começa e recomeça, acaba e não acaba…
A aceleração da história transformou profundamente a existência individual que, nos séculos passados, se desenrolava, do nascimento até a morte, numa única época histórica, hoje ela salta duas, às vezes mais.
Se, antigamente, a história avançava muito mais lentamente do que a vida humana, hoje é ela que vai mais depressa, que corre, que escapa ao homem, de tal modo que a continuidade e a identidade de uma vida correm o risco de se romper.
Vamos ter esperança que a nossa esperança não se rompa no futuro, como foi rompida no passado.
*João é natural de Salvador, onde reside. Engenheiro civil e de segurança do trabalho, é perito da Justiça do Trabalho e Federal. Neste espaço, nos apresenta o mundo sob sua ótica. Acompanhe semanalmente no site www.osollo.com.br.