Por Jadilson Moraes e Milla Verena
Diretor do Sindicato dos Bancários no Extremo Sul fala sobre a greve
A classe dos bancários entrou em greve nessa terça-feira, 27. Em Porto Seguro, todos os bancos aderiram a paralização, que segue por tempo indeterminado.
O jornal O Sollo conversou com exclusividade com João Climário, diretor do Sindicato dos Bancários no Extremo Sul da Bahia, que falou sobre o assunto. Confira:
A GREVE
Climácio explica que na última sexta-feira, 23, após uma assembleia, onde apresentada a contraproposta de reajuste salarial de 8%, enquanto a categoria reivindica 12,8%, a categoria rejeitou. O que cominou na greve, iniciada hoje, 27.
“Não sabemos quando vamos retornar. Buscamos, incessantemente, uma nova rodada de negociação para que possamos sair do impasse e avançar nas conquistas e retornar o mais breve possível ao trabalho.
Sabemos que a greve traz transtornos à comunidade. Contudo, precisamos contar com a compreensão, a colaboração e o entendimento da sociedade e o apoio que sempre nos deu. Essa greve é uma forma de garantir a dignidade. Um bancário ganhava em torno de 10 salários mínimos, hoje ganha 2 (salário inicial).
A nossa luta é para que o bancário esteja atendendo o cliente satisfeito, para que se contrate mais trabalhadores, que diminua essa carga de tarifas impostas aos clientes e usuários de bancos, que diminua os juros que é absurdo. Os banqueiros são realmente os verdadeiros agiotas nesse país.
Essa é uma campanha nacional, que vai além da campanha de salário”.
ADESÃO AO MOVIMENTO
“Esta é uma greve de todo sistema financeiro nacional, de todos os bancos. Mas, é claro que não vai ser uma greve de 100% de adesão, porque isso é até impossível. Hoje, no primeiro dia de paralização, percebemos 70% de paralisação das agências bancarias a nível nacional.
Em Porto Seguro todas as agências bancárias, até o momento, estão em greve. Contamos com a consciência da maioria absoluta dos bancários de todas as agências: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, HSBC, Itaú e Bradesco. Todas as agencias estão fechadas, inclusive alguns postos de atendimentos.
Já entrei em contado com colegas de Eunápolis e Teixeira de Freitas. Até o momento está tudo sobre controle. Então é uma greve que está no Extremo Sul”.
REIVINDICAÇÕES E NEGOCIAÇÕES
“No dia 14 de agosto, entregamos a minuta com as reivindicações da categoria a Federação dos Banqueiros, a Fenaban. Essa Federação aglutina tanto os bancos públicos de capital misto, como também da iniciativa privada.
Existiram várias tentativas de negociação desde a entrega da referida minuta. Até o momento tivemos quatro rodadas de negociações. Começamos discutindo a segurança bancária; as condições de trabalho; a questão das filas e, portanto, mais contratação de trabalhadores; e a melhoria no atendimento bancário, do ponto de vista de abrir a agência em dois turnos, de 9h ás 17h, entendendo que nós teríamos um tempo maior para os clientes sejam atendidos nas agências e ao mesmo tempo os banqueiros estariam dando uma contra partida, gerando mais emprego no país.
Começamos e não avançamos muito nessa etapa”.
PONTOS EM DISCURSÃO
Saidinha bancária
“Entendemos que essas problemáticas, da saidinha bancária, da clonagem de cartão, e uma série de questões que, inclusive, causa insegurança para o cliente e também para o trabalhador, devem ser uma responsabilidade dos banqueiros, não apenas dos governantes”.
Qualidade de vida no trabalho
“Discutimos também a diminuição da pressão sobre os trabalhadores, aí a questão das doenças ocupacionais; do assedio moral; e das metas abusivas”.
Questões econômicas
“No que tange a parte econômica, foram duas rodadas de negociações, a última foi na sexta-feira, 23. Enquanto a gente reivindica 12.8 % de reajuste, mais a participação dos lucros e resultados, tendo em vista a alta lucratividade dos banqueiros, nos foi oferecido 8%, e este seria repassado nas outras verbas”.
MOBILIZAÇÃO NO CONGRESSO NACIONAL
“Vamos debater com os parlamentares a necessidade de regulamentar o sistema financeiro, o Artigo 192 da Constituição, que não foi regulamentado até hoje. É um sistema que ninguém tem a ousadia de botar o dedo e regulamentar, para que, ao nosso ver, volte a não apenas a distribuir a moeda, mas a ser um alavancador do desenvolvimento local e nacional”.