O que está por trás do fracasso da geração Z na busca por trabalho?
Ultimamente tenho entrevistado inúmeros candidatos da geração Z e muitos deles nem sabem porque são rejeitados.
Mas hoje vou contar o que existe por trás do fracasso da maior parte das entrevistas.
Eu tenho 25 anos e também sou da geração Z, a geração que nasceu depois dos anos 90, e sei muito bem o que vocês estão pensando. Aventurei-me como empreendedor há 4 anos e hoje também entendo a mentalidade de um empresário. Para explicar meu raciocínio, tomo como base duas grandes questões-chave:
– Quem decide o seu salário?
– Quem decide se você fica ou se vai ser mandado embora?
1- Quem decide o seu salário?
Se você responder “é claro que é o meu chefe!”, você está errado.
Os jovens da geração Z esperam salários que são proporcionais às suas qualificações. Mas eles desconhecem ou tendem a se esquecer de um dos pilares mais importantes da economia: a teoria da oferta e demanda.
▍ Custos não determinam o preço!
Suponha que você gaste 20 toneladas de água para produzir 100kg de tomate e que outros gastem 10 toneladas de água para produzir outros 100kg de tomate. Por isso, você deveria cobrar mais caro pelo seu tomate? Você até pode tentar, mas não vai conseguir.
Ou seja, você que investiu mais tempo e dinheiro em estudos deveria ter um salário maior? Talvez. Vai depender da oferta e da demanda.
O salário médio de um cargo é determinado pelo equilíbrio que se dá entre a oferta e a demanda, já que oferecer um salário muito alto traz prejuízo ao contratante, e um salário muito baixo impacta no desempenho do trabalhador.
▍ Os seus custos não tem nada a ver com o empregador.
Eu perguntei para muitos entrevistados da geração Z o quanto eles queriam ganhar. Muitos me responderam: “dando para viver, está bom”. Mas, o seu “suficiente para viver” é exatamente quanto? Quem ganha R$ 1.000 tem um estilo de vida, quem ganha R$ 4.000 tem outro. Até conheço pessoas que ganham R$ 10.000 por mês e mesmo assim não conseguem viver.
O entrevistadores não se importam com os custos que você, trabalhador, tem. Eles se importam com os custos que o contratante terá, que é o seu salário. Isso é um fato!
▍Então, como determinar o meu salário?
Olhe para o mercado. Como é o mercado que define o salário de um determinado cargo, você deve ir aos maiores sites de busca de emprego e dar uma olhada nos salários oferecidos. Se você ficar na dúvida em quanto pedir de salário, fale um valor médio.
2- Quem decide se eu fico ou sou mandado embora?
Se respondeu “o chefe”, você está errado de novo.
Certa vez contratamos uma mulher que se destacava porque possuía mais experiência e tinha feito mais projetos. Mas, durante o período de teste, descobrimos que ela executava, e muito mal, até as atividades mais simples do dia-a-dia. Como seu desempenho foi abaixo do esperado, decidimos demiti-la.
Quando recebeu a notícia, ela ficou muito nervosa e agitada: “Vim do interior para trabalhar aqui, acabei de conseguir um lugar para morar, paguei 3 meses de aluguéis antecipados e você vai me mandar embora assim, sem mais nem menos? Você é muito irresponsável!”
Naquele momento, fiquei em choque. Afinal, eu só tinha 24 anos e esta crítica me deixou muito mal. Mas a empresa precisa ser rentável. Se os outros funcionários recebem o mesmo salário que ela, no entanto, o valor que ela gera equivale somente a 30% do que os outros geram. Seria injusto com os outros mantê-la.
▍Afinal, quem decide então se você fica ou vai embora?
Superficialmente quem decide o seu destino é o seu chefe. Mas, na realidade, ele é apenas um mensageiro. Quem decide isso são as pessoas ao seu redor que executam o mesmo trabalho que você.
Funcionários querem ganhar mais e trabalhar menos. O chefe quer que os funcionários ganhem menos e trabalhem mais. Os pensamentos são conflitantes, mas isso não é uma competição, isso se chama precificação do mercado. E é isso que gera o equilíbrio da oferta e demanda.
Então, por que mandei aquela mulher embora? Porque ela não satisfez às minhas expectativas. As expectativas são experiências de longo prazo formadas entre o empregador e o empregado. Ou seja, esperamos que você faça o que as outras pessoas do mesmo cargo fazem ou fizeram anteriormente.
3- Você deve perseguir o futuro ao invés de consumir o passado
Geração Z, preste mais atenção no futuro do que no passado. Na minha opinião, o objetivo do currículo não é provar o quão brilhante você foi, mas mostrar o seu potencial para o futuro.
A vontade de aprender é a qualidade mais importante de todas.
Experiência pode ser adquirida, e trabalho em equipe pode ser melhorado. Com uma imensa vontade de aprender, a falta dos outros requisitos se torna temporária. Com exceção do caráter.
Eu sempre pergunto para cada uma das pessoas da geração nascida a partir dos anos 90 como você organiza o seu trabalho, estudos e outras atividades? As vezes uso outra forma de fazer a mesma pergunta como “o que você faz 2 horas antes de dormir?”
Normalmente quando a pessoa ama aprender, ela responde que lê livros, assiste documentários, vídeos educativos ou escrevem. Enquanto àqueles que gostam de sair para comer, beber e ficar no celular, percebi que eles têm, na maioria dos casos, uma sede de conhecimento menor.
4- O que você quer não é liberdade, é estabilidade!
Muitas pesquisas sobre a geração Z apontam que, para eles, o dinheiro não é o mais importante, mas sim a liberdade no trabalho e na vida. Mentira!
Se você não se importa com dinheiro, como eu vou acreditar que você irá se dedicar ao trabalho e se esforçar para gerar mais valor à empresa? Se você não dá importância ao dinheiro, por que você não procura uma ONG para fazer trabalho voluntário?
Nos anos 80, as pessoas se matavam para entrar em uma empresa estatal ou uma instituição pública que oferecesse estabilidade aos empregados. Elas queriam uma carreira definida e um trabalho fácil, sem precisar se preocupar pelo resto da vida.
Muitos jovens de hoje também tem esse sonho, mas se esquecem de pensar o quanto estão dispostos a sacrificar para atingir tal objetivo. Eu conheci vários profissionais autônomos e freelancers que, individualmente ou em grupos, sobrevivem no mercado, conquistando a tão sonhada liberdade. Ou seja, essa liberdade é possível.
Mas, lembre-se: A melhor maneira de alcançar algo é provar-se digno.