Pompas Fúnebres

Pompas Fúnebres

Após a queda do avião da Voepass e a identificação dos corpos, chegou a hora das pompas fúnebres: caixões, urnas, comunicados, cremações; os corpos são só corpos, vão virar cinzas.

Os dias vividos, suas vidas, seus sonhos, tudo se apagou; morreram na solidão, restando apenas o osso nu da existência na memória de quem fica.

Percebo que seguir em frente, para os familiares, é um mito, uma mentira que você conta para si mesmo quando a vida se torna insuportável. Uma ilusão de que é possível construir uma barreira entre você e a dor, de que é possível ignorar a perda.

O tempo é simultaneamente lento e escorregadio para esta dor. Você reza para que os analgésicos ajam rapidamente, para que a noite chegue logo, mas os minutos e as horas parecem intermináveis; parecem não ter a mínima pressa de passar. Então, o acúmulo de tempo—as semanas e os meses de sofrimento—se transforma num borrão e, posteriormente, em uma ferida que nunca cicatriza.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui