Policial

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Acho que aqueles pensamentos sombrios e inchados – culpa, recriminação, arrependimento- continuavam voltando a superfície na vida de um policial que combate o crime. Passam um bom tempo com criminosos que ignoram as regras. Vivem tirando o pus da sociedade.

Por experiência própria, os policiais não procuram descobrir o que na vida é justo, a lei é a da rua, vivem da luz da lei e na sombra do crime. As pessoas dividem o tempo em segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses, anos. Mas existem intervalos minúsculos, tão pequenos que praticamente não existem para nós mas existe todo dia na vida deles.

Essas partículas de tempo não são perceptíveis aos olhos, à mente, nem podem ser catalogadas por nossos sentidos, é o espaço de tempo de um tiro. Tem que exercitar as impressões sensoriais com mais intensidade para não perderem a vida.

A frase, “Você tem o direito de permanecer calado. Tudo o que disser será usado contra você no tribunal. Você tem direito a um advogado. Se não puder pagar, o Estado lhe providenciará um”, que está no artigo 5, inciso LXIII da Constituição, é um alívio para eles quando chega neste momento. E acredito que eles não pode usar sua emoção. Eles amam os motivos que têm pra amar, a sua farda e seu código de ética militar. A tal verdade de uma vida cotidiana não passa de um cemitério, a totalidade de todas as coisas que morreram quando entraram para combater o crime.

E os que morreram do combate ao crime, deixam suas cicatrizes, nas famílias enlutadas, corações desolados, as pequenas frases ofegantes comprimindo a garganta dos familiares, ” Porque entrou nesta vida?” No fundo o desespero da família toca na paixão da vida toda do policial morto.

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