Plantas

Plantas

Na área da varanda e área de serviço no nosso apartamento tem plantas. Passarinhos chegam, pois colocamos milho e água. A tarde um vento fresco entra pela abertura e sacode as plantas. O alvoroço que se forma é igual ao das pessoas em um show. Pela manhã regamos elas. A água enche os vasos, escoa pela terra e sai pelos buracos caindo dos pratos soando como um riacho.

A nossa varanda é linda, com a cortina de plantas. Observar estas plantas é gratificante. Meu amigo, se não tem uma varanda, abra uma janela de sua casa – a que dá para o verde. Procure ali a harmonia do mundo. Viva, sem a nervosia de procurar-se a si mesmo, porque cada um de nós é um perdido, um ilustre perdido, na humanidade numerosa. Viva, que no fim dá certo. Nada há definitivo no mundo, nem o infortúnio nem a prosperidade. O que a tua imaginação supõe está perdido, acha-se apenas transviado ou oculto. Como deveis saber, há em todas as coisas um sentido filosófico e o das plantas é tão belo.

E, para começar, emendemos Sêneca. Cada dia, ao parecer daquele moralista, é, em si mesmo, uma vida singular, por outros termos, uma vida dentro da vida. Não digo que não; mas por que não acrescentou ele que muitas vezes uma só hora é a representação de uma vida inteira? Alias, hoje pode-se levar no bolso nossa vida digital, internet, e-mail, música, TV, filmes, fotos, arquivos de documentos e até telefone. Estes novos tempos são feitos de um susto atrás do outro. O homem moderno é obrigado a ter olhos dilatados. O telefone celular, na era eletrônica, lembra o canivete suíço na era mecânica: servia para tudo. Hoje, somente em pescaria.

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