Tecnologia não é invasiva, mata a patologia e recupera a saúde vaginal sem os efeitos colaterais dos remédios
A candidíase, causada pelo fungo Candida albicans, atinge 3 a cada 4 mulheres. Segundo o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), cerca de 52% da população feminina já teve a patologia. Para melhorar a qualidade do tratamento da doença, as alunas Mariana Robatto e Maria Clara Pavie, orientadas pela dra. Patrícia Lordêlo, com o apoio da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP), do Pró-reitor de Pesquisa, Inovação e Ensino de Pós-Graduação Stricto Sensu da Bahiana, dr. Atson Fernandes e da coordenadora do Núcleo de Tecnologia e Inovação, professora Fernanda Ferraz, realizaram um estudo sobre o uso do LED como método curativo da candidíase. A partir desse projeto, foi desenvolvido um dispositivo para tratamentos vaginais sem uso de medicações.
Após identificar que não existia nenhum equipamento no mercado que resolvesse o problema, as pesquisadoras desenvolveram um protótipo. “O dispositivo utiliza um LED, chamado diodo azul, que emite uma luz de 405 nanômetros. A princípio, o método foi desenvolvido para realizar tratamentos da candidíase. Ele é colocado no canal vaginal e envolve toda a parte interna e externa da genitália feminina. A literatura afirma que o recurso faz uma implosão do vírus, bactéria ou fungo, causando a morte, através da porfirina, desse microrganismo patogênico. Entretanto, tenho a hipótese que melhoramos fatores da imunidade vaginal”, explica Patrícia Lordêlo.
O aparelho tecnológico é produzido pela empresa DGM Eletrônica e já está na etapa de comercialização. Segundo q doutora, o método conservador não medicamentoso e a duração do tratamento vai depender da gravidade e/ou fator causal da doença. “O profissional faz uma análise da situação da paciente. A partir dessa avaliação, é identificado o tempo de utilização e a quantidade de luz emitida. Geralmente, o tratamento é realizado de uma a três vezes por semana. Cada sessão dura em média 15 minutos. Tudo vai depender do problema da paciente”.
Inicialmente, o equipamento foi elaborado para tratar apenas da candidíase, mas hoje já têm novas formas de aplicação, inclusive em mulheres que passaram por tratamento oncológico e sofreram efeitos colaterais. “Ele é usado para síndrome geniturinária da menopausa (SGUM), fissuras vaginais, regeneração tecidual, ressecamentos e disfunções sexuais. Após estudos, também começamos a tratar mulheres com sintomas semelhantes a SGUM sobreviventes de câncer de mama que tinham estenose vaginal, o fechamento da vagina, e outros sintomas que estão relacionados à síndrome genital”, diz a cientista.
De acordo com Patricia Lordêlo, a utilização do dispositivo é benéfica porque a mulher não precisa utilizar remédios para tratar a doença e, além disso, a tecnologia recupera a saúde vaginal, ou seja, não tem chance de recorrência. “As medicações têm efeitos colaterais e não matam o microrganismo patogênico ou tornam resistentes. O remédio modifica a microflora vaginal, o que tira a saúde do órgão, e não cura o problema. Quando é realizado o tratamento com o dispositivo, a mulher tem uma boa resposta ao procedimento. A paciente fica curada e não tem o risco de voltar com a doença, como pode acontecer quando se utiliza medicamentos”.