“Quando Jesus dizia estas coisas, uma mulher da multidão exclamou: Feliz é a mulher que te deu à luz e te amamentou. Ele respondeu: Antes, felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e lhe obedecem.” (Lucas 11.27-28)
Todas as sociedades estabelecem paradigmas para cada aspecto da vida. É o que costuma guiar nossos sonhos e ambições. Em nossa sociedade o paradigma da felicidade (e muitos outros) é intensamente enraizado em conquistas materiais, tendo como símbolo o dinheiro. Na sociedade judaica do primeiro século, em que as mulheres tinham seu papel social centrado grandemente na maternidade, ser mãe de um homem notável era visto como motivo de felicidade. Por isso a mulher do texto de hoje fala sobre como Maria deveria ser feliz. Mas Jesus tem outro paradigma para felicidade.
Jesus também não está de acordo com o paradigma contemporâneo. Ele viveu de forma simples e ensinou sobre o perigo de sermos dominados pelo amor ao dinheiro. Ele não condenou a riqueza, mas falou duramente contra a avareza e o fato de que ricos tornam-se possuídos pelo que têm. Não podemos invalidar a importância e necessidade que temos de dinheiro, mas devemos admitir que temos muitas ilusões sobre ele. E uma delas é que seja essencial para nossa felicidade. Porém, Jesus afirma que a obediência à vontade de Deus é que é o segredo da felicidade verdadeira. Por quê?
A obediência a Deus produz mudanças profundas em nós. Ela é muito mais do que cumprir uma norma ou regra, é o resultado do reconhecimento do lugar de Deus em nossa vida. É fruto do temor a Deus, que nada tem a ver com medo. A obediência é centrada no “a quem” e não no “o que”. Não há verdadeiro relacionamento de fé com Deus sem obediência. Ele nos ama e nos oferece proximidade, mas não é nosso amiguinho da esquina. Ele é nosso Deus. Machado de Assis disse que o dinheiro não trás felicidade, para quem não sabe o que fazer com ele. Somente obedecendo a Deus é que nos tornamos alguém que sabe o que fazer com o dinheiro e com tudo mais. Transformados pela obediência a Ele saberemos viver e seremos felizes, com o que temos ou apesar do que não temos.