PARA QUEM QUISER FICAR

“Jesus perguntou aos Doze: Vocês também não querem ir?” (João 6.67)

Jesus jamais forçou pessoas a segui-lo. Jamais fez ameaças ou as colocou em pânico para que fossem mais inclinadas a atender seu chamado. Ele veio oferecer libertação e não opressão. Ele veio nos emancipar e não escravizar. Andar com Cristo é um convite à liberdade e à responsabilidade. Um convite a pensarmos por nós mesmos, abraçando convicções que se enraizam dentro de nós em lugar de vivermos sob temores de vozes vindas do lado de fora. Por isso, num momento em que muitos estavam abandonando a decisão de segui-lo, Jesus dirigiu-se aos doze e lhes perguntou: vocês também não querem ir?

Eles não eram obrigados a ficar. E nem nós somos. Podemos ir se quisermos. Nossa vida não se tornará um inferno necessariamente. Nossos negócios não fracassarão e não perderemos a “cobertura espiritual”, pois a tal cobertura é uma criação religiosa de quem gosta de dominar pessoas. Além disso, as misericórdias de Deus são ofertadas a justos e injustos e Deus não é vingativo. Podemos ir sem medo. Mas se decidirmos ficar, precisará ser pelas razões certas. Do contrário, ficar será o mesmo que ir embora. Permanecer será o mesmo que abandonar.

Se ficarmos devemos ficar porque reconhecemos o amor de Deus e sua graça, que nos aceita como somos. Devemos resistir aos esquemas religiosos que classificam pessoas e promovem a auto satisfação moral. Devemos ficar com a disposição de aceitar a verdade de que somos pecadores, como todos os demais e com a atitude de nos maravilharmos com o fato de que somos amado, como todos os demais. Devemos ficar para rever a nós mesmos e mudar nosso modo de olhar para Deus, para a vida e para o próximo.

Se ficarmos, devemos olhar para Deus como Pai, o Pai nosso, conforme ensinou Jesus. Um Pai cheio de compaixão, que se compadece e conhece as fragilidades de seus filhos. Que é paciente e cheio de misericórdia. Para conosco e para com todos. Que não se ira para sempre e nem fica nos lembrando falhas, mas perdoa generosamente. Que está sempre no caminho do nosso retorno e nos espera de braços abertos.

Se ficarmos, devemos ficar e ver a vida como uma dádiva, apesar de lutas, injustiças, faltas, perdas e tantas coisas que tem o poder de roubar o ânimo. Devemos considerar tanto o aqui e agora, como o lá e depois. Devemos nos alegrar com o céu e também com a terra que Deus nos deu e valorizar o dever de cuidar dela. Devemos amar a vida e não temer a morte – pois ela virá. Devemos aprender a viver celebrando e aproveitando a existência. E ao mesmo tempo, preparando-nos para dizer adeus a tudo, pois o melhor ainda está por vir.

Se ficarmos, devemos ficar ao lado do próximo, sendo para ele um cristo, a exemplo do que Cristo é para nós. Devemos amá-lo como amamos a nós mesmos. Devemos servi-lo e assim servir a Cristo. Devemos nos compadecer, ser misericordiosos, ser bondosos, nos incomodar pelo outro e oferecer nossa voz, nossa influência, nossos recursos e o que mais for possível para o bem do outro.

Se ficarmos, precisa ser assim. Se não for assim, é porque, na verdade, não ficamos. Partimos. Podemos até ter guardado nossa fidelidade à nossa igreja, à nossa história religiosa, ao nosso grupo de fé, mas teremos abandonado o caminho de Cristo. E isso acontece. Por isso Jesus disse: nem todo que me chama de Senhor faz parte do meu Reino!

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