Para depois e para agora

“Se é somente para esta vida que temos esperança em Cristo, dentre todos os homens somos os mais dignos de compaixão.” (1 Coríntios 15.19)

Este é um verso que sempre provoca-me a pensar, não sobre o equívoco de esperar em Cristo somente para esta vida, mas de esperar em Cristo somente para depois dessa vida! Os cristãos de Corinto estavam perdendo de vista a vida depois da morte. Há cristãos, e eu confesso ter estado entre eles por muito tempo, que perdem de vista a vida antes da morte.

Deixe-me ser mais claro. Na devocional de ontem, eu compartilhei que aprendi mais sobre a esperança que nos aguarda depois da morte do que sobre a esperança que nos envolve enquanto estamos vivos. Talvez você também tenha sofrido desse maniqueísmo em sua fé.
Não há dúvida de que há promessas de vida para serem conhecidas e experimentadas após nossa partida deste mundo. Nossa fé aponta para um mundo vindouro. E isso é maravilhoso! A vida não acaba na morte, ela recomeça!

Por outro lado, o Evangelho de Jesus, por tudo que afirma a respeito do amor e cuidado de Deus, nos oferta motivos e caminhos para vivermos e celebrarmos a vida. Afinal, em Cristo temos perdão, graça e comunhão com Deus. Temos a certeza de que Ele está conosco. Somos avisados sobre tribulações, mas também ensinados a ter bom ânimo (Jo 16.33). Crer no Evangelho é crer que a vida aqui, apesar dos riscos, pode e deve ser celebrada.

Neste sentido é que, ao ler este verso, penso em sua outra parte não escrita que traduziria assim: Se é somente para depois da morte que temos esperança em Cristo, dentre todos os homens somos os mais dignos de compaixão. Pois estaríamos abrindo mão do sentido de existirmos nesse mundo. Perdendo de vista as maravilhas que Deus criou para nossa alegria e, talvez o mais grave, ignorando que podemos (e devemos) viver de tal maneira que a vida aqui corresponda mais aos propósitos do Criador.

Deus nos deu o Seu Espírito para nos guiar em toda a verdade. Para que possamos viver e celebrar a vida em comunhão com o Pai. Nossa vida e confiança em Deus devem promover em nós atitudes que nos façam mais capazes para estarmos neste mundo e sermos uma benção, e em alguma medida, sermos uma inspiração para outros. Podemos contribuir com a história uns dos outros, podemos ajudar quem precisa, podemos celebrar a beleza e desfrutar do conhecimento que nos é possível. Podemos fazer amigos, podemos testemunhar com palavras e com a vida.

A vida eterna é conhecer a Deus e a Cristo, disse Jesus (Jo 17.3). A vida eterna começa aqui na medida em que experimentamos e celebramos a presença e o cuidado de Deus conosco. Num mundo em trevas de morte, raiou a Luz da Vida e celebraremos isso no Natal.

Que vivamos o lado terreno da vida eterna. Que vivamos como pessoas cheias de vida apesar das circunstâncias desta vida. E que tudo isso honre o nosso Pai Celeste e proclame a maravilhosa notícia de que a vida está ofertada a todo ser humano!

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