Talvez o maior obstáculo a enfrentar quando se procura compreender a morte seja o fato de que é impossível para o inconsciente imaginar um fim para a própria vida. Nos hospitais que visitei verifiquei que na mente dos médicos a morte significa outra coisa. Significa colapso, falência, declínio. Observei que todos evitam o assunto.
Lembro da morte de uma cunhada minha, o médico, sem olhar nos meus olhos disse: “Vá preparando” – só isto. Nos hospitais, a morte é um acontecimento triste, solitário e impessoal.
O paciente terminal sozinho no seu quarto, isolado, enquanto numa sala de reunião, como aconteceu com meu sogro, médicos e parentes discutem se devem ou não entubar, ou contar a ele o que há de errado.
Se alguém me perguntar qual a situação ideal para um paciente que vai morrer, eu voltaria a minha infância e descreveria a morte de um parente no interior, dentro de sua casa, perto dos entes queridos.