Nestes dias de reclusão, que pelo longo período sufoca o desfrute, pensemos conforme os dizeres do poeta Charles Baudelaire. “Resigna-te, minha alma; dorme no sono bruto.” Apesar de já ter mais de cem dias do início deste sacrifício não é hora de relaxar.
Na história da criação, relatada no livro de Genesis, aprendemos que no primeiro dia Deus disse: “Que se faça a luz”. E surgiu a luz. Nos dias subsequentes, Deus cria as águas, a terra, as plantas abundantes e as criaturas que se movem. No sexto dia, Deus cria um ser humano à sua imagem e semelhança a partir do barro. Então, dá a essa pessoa o sopro da vida – não por meio de palavras, e sim soprando nas narinas da nova criatura. O significado dessa parte da narrativa é que a respiração é a conexão mais íntima e a mais frágil que o ser humano tem com a vida.
Lembro da frase importante que li do livro de Dexter Morgan: “A vida é tão passageira. Tão frágil. Cada respiração pode ser a última”. Sabemos pouco de tudo, e é esse pouco que não devemos esquecer, com este vírus tão novo para a humanidade, então vamos continuar com paciência.
Quando é que começamos a precisar de “passar o tempo”? Antes as palavras e os pensamentos não se referiam a nada mais que a coisas relacionadas com o trabalho. A inteligência imponente lançava apenas centelhas isoladas, um fraco clarão na família e na finitude. O relógio do mundo parou de bater, e a respiração ganhou um ritmo mais lento agora, e sei que sempre vivemos duas realidades a concreta, de pagar as contas, comer, viajar ligados ao mundo visível e das emoções dos sentidos, já que almoçar, se em casa ou na rua, a comida sendo boa o que muda é o contexto.
Se a felicidade está no movimento, e permaneço imóvel dentro de casa, existe a angústia, já que existe um desejo intenso de interagir com o mundo externo. Está angústia da agonia pode passar, se tiver paciência e sentir o paladar e não a mente.
A pressa pode levar a uma morte antes do teu tempo. Cada homem tem razões que só a ele pertencem, caminhos de ir de um lugar para outro aos pulos ou nu, mas se não tiver paciência e disciplina de dar tempo ao tempo, a respiração pode ser a última.
*João é natural de Salvador, onde reside. Engenheiro civil e de segurança do trabalho, é perito da Justiça do Trabalho e Federal. Neste espaço, nos apresenta o mundo sob sua ótica. Acompanhe no site www.osollo.com.br.