Ouvidos abertos

“Sacrifício e oferta não pediste, mas abriste os meus ouvidos; holocaustos e ofertas pelo pecado, não exigiste.” (Salmos 40.6)

Releia o verso. O salmista está falando de Deus, o Deus que se revelou a Moisés e por meio dele legou a Israel um código de leis. Leis para a vida social e a vida devocional. Quem escreve é um judeu, educado para se relacionar com o Deus de Moisés. O Deus dos holocaustos e sacrifícios. Mas ele diz que Deus não lhe pediu ofertas (sacrifícios), e então lhe abre os ouvidos. É um Deus calmo, que busca proximidade, que quer diálogo. É notável uma declaração tão inesperada!

Alguns creem que Deus se revelou de forma crescente ao longo da história. Outros, que o ser humano é quem foi enxergando mais a revelação que Deus sempre fez de si mesmo. As duas perspectivas parecem ter fundamento. O fato é que podemos encontrar neste verso a surpreendente presença da graça revelada por Jesus, num contexto dominado pela Lei. E é pela graça que o salmista se vê em relação com Deus. Deus é quem cumpre os requisitos necessários e o salmista fica sem contribuição a dar. Torna-se apenas beneficiário.

Ensinado a oferecer sacrifícios, o que ele poderia fazer para Deus, visto que Deus estava lhe dizendo: sacrifícios não são necessários?! Ousaria dizer que o salmista precisaria aprender a estar com Deus, a ouvir Deus, a conhecer Deus e desfrutar Sua presença. Esse deveria ser seu culto. E nestas condições, viver. Da poesia do salmista aprendo que a beleza da fé cristã não está nos sacrifícios que fazemos para Deus, mas da experiência da presença de Deus, nos “ouvidos abertos” para Deus. Se nossos ouvidos estiverem abertos para Deus, nossa vida será um benefício aos outros e nosso corpo, verdadeiro templo do Espírito Santo. O sacrifício foi Ele mesmo quem fez por nós!

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